O anjo que queria ser gente

Um certo dia do mês de outubro, bateram em minha porta. Era um toque diferente de todos que ouvira. Fui atender e, ao abrir dei de cara com um anjinho.
Sem cerimônia foi logo perguntando:
- residência do Sr. Renato e Zélia Paes?
-Sim, respondi.
-S.Q.S 402 Bloco F ap. 209?
-Sim, voltei a dizer.
-Ótimo, exclamou desinibido! Estamos em casa, dispensando o táxi estrela que o havia conduzido até minha casa.
Bem, fiquei atônito, sem saber como me comportar. Nós não o estávamos esperando, foi uma surpresa, mas ele não se fez de rogado. Foi logo entrando e tomando seus aposentos, dizendo que queria descansar, pois viajara durante nove longos meses e estava exausto.
Quando estava dormindo, fomos observá-lo. Era lindo, de pele muito branca e cabelos e olhos claros, parecia, e era mesmo, um verdadeiro anjinho.
Anjos? Indaguei em silêncio. Anjos existem?
Existem sim, respondi sem perceber.
De onde vêm os anjos? Porque escolheu nossa casa?
Comecei a questionar, mas não encontrava respostas naquele momento. Fiquei satisfeito em saber somente que tinha um anjo em nossa casa e que, com o tempo, as respostas chegariam.
Tempo. Só ele seria capaz de mostrar toda a verdade sobre os anjos.
Anjos são seres especiais que gostam de “brincar de ser gente”. Quando encontram uma casa, onde existe muito amor, resolvem habitá-la. Aparecem como num passe de mágica, e jamais deixam a casa que escolheram.
Anjos são feitos de amor, são criaturas doces, puras e sem maldades. Anjos pensam primeiro no próximo, nunca pensam em si. Anjos são carinhosos, bondosos, gostam de ajudar e vivem felizes.
O tempo nos trouxe todas as respostas. Percebemos que fomos escolhidos, não fomos nós quem o escolheu, fomos escolhidos por ele.
Quanto privilégio!
Agradeço a Deus todos os dias por ter enviado esse anjo para nós e por compartilhar tanto amor e carinho.
Um dia desses o vi preparando suas asas para voar novamente. Fiquei entristecido, mas tenho que entender que até os anjos precisam se aperfeiçoar.
Os anjos de hoje não são como os de antigamente. O tempo que tudo muda trouxe o progresso e até os anjos precisam falar outros idiomas e aprender coisas novas.
Ainda bem que ele sabe o caminho da nossa casa e as suas asas voarão de volta em breve, para nossa alegria.
Enquanto isso, ficaremos aqui cheios do amor que ele vai deixar e com uma saudade danada esperando ele voltar.
Temos a certeza que um outro anjo bom guiará o seu vôo.
Vá com Deus, boa sorte!
Um grande abraço daqueles que tiveram a sorte de ser seus pais!

Renato e Zélia

Renato César Nunes Paes
Enviado por Renato César Nunes Paes em 09/12/2007
Reeditado em 17/10/2022
Código do texto: T770761
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