DEPOIS DE UM CANSATIVO DIA DE TRABALHO

 

   “Nunca interrompa seu inimigo enquanto ele

        estiver cometendo um erro”

                       (Napoleão Bonaparte)

 

   Com certeza não há nada mais “milagroso” no mundo que o encurtamento das distâncias, ao que disse muito bem o famoso escritor no título de seu livro “Longe é um lugar que não existe” (Richard Bach). Mas, o problema é quando as mensagens não chegam às pessoas certas, talvez por um erro de digitação a se fazer numa carta, ou o próprio carteiro a ter enviado ao endereço errado (o que é possível acontecer). E não é o que parece que com certa pessoa houve?

 

 

   Pois bem, direi aqui o que me ocorreu por estes dias:

 

   Após um duro dia de trabalho finalmente chego em casa, oh! graças a Deus! Tomei um banho relaxante e prolongado, sem me importar quanto à conta de energia. E bastou-me sentar em meu sofá pelo que o telefone toca.

 

   Triiiiiiiiimmmmm

 

   - Aló. – Ao qu’eu o atendi.

 

   E uma voz desconhecida a dizer do outro lado da linha:

   - E aí, meu camarada, você está sumido, o que tem arrumado nestes anos todos?

 

   - Quem está falando? – Perguntei-lhe, então.

 

   - Ah! os anos passam e as pessoas nem mais se lembram da voz dos amigos, né?

 

 

   Então, confesso que fiquei sem saber o que fazer, pelo que não recordava mesmo do timbre da voz que naquela hora me dirigia. Mas, no receio de cometer uma falta de educação, prossegui na conversa, simulando que eu sabia quem estava no outro lado da linha.

 

   - Ah! como haveria de me esquecer de tu, meu querido? Aqui comigo as coisas estão indo conforme a maré, no que estou deixando os ventos levarem o “meu barco” para qualquer canto que for. - Respondendo-o assim.

 

   - E o que você tem feito ultimamente? – Perguntou-me aquele desconhecido interlocutor.

 

   - O que tenho feito? Quase nada, talvez só esperando a morte chegar. Na verdade, acabo de sair por estes dias da cadeia por não ter pago a pensão alimentícia de meus filhos. E converso contigo [agora] estando minha perna atada com uma tornozeleira eletrônica (por estar em "liberdade provisória"). Sabe como é, né? Negar pensão alimentícia é a única coisa que funciona de verdade em termos de Justiça aqui “neste Brasil”. Mas, antes disso, quando ainda era casado cheguei a ser preso duas vezes por ter sido enquadrado na Lei Maria da Penha. – Dizendo-lhe a ele.

 

 

   - Você batia na sua mulher? Eu não acredito, ainda mais vocês que formavam um casal tão bonito, você e a Mônica! – Argumentou-o, então.

 

   - Ah, meu amigo, é como se diz: o amor é cego, sendo o casamento é o que nos faz abrir os olhos.

 

   [Risos do outro lado]

 

   - Mas chegar ao extremo de agredir a esposa...

 

   - Eu nunca a espanquei pelo que [ela] merecia, só lhe dava uma “surra moderada e exemplar”.

 

   - “Surra moderada e exemplar”?! Sem palavras! Tudo bem, não vou querer me intrometer na sua vida conjugal (que, por sinal, dá toda a evidência que acabou). Mas, me diz aí: e quanto ao seu pai, como está o velho?

 

   - O meu amado pai? Tem mais ou menos uns 6 meses que eu não tenho notícias nenhuma dele. Eu e meus irmãos o colocamos num asilo, de forma que só assim pudéssemos ter a liberdade de viajar para praia ou passear para outros lugares. – Dizendo desta forma ao "meu amigo".

 

   - O quê? Vocês o jogaram num asilo? Pelo amor de Deus, onde está o amor de vocês para com ele? E a consciência de família? – Perguntou-me um tanto surpreso, mas bastante indignado.

 

   - Amor? Meu querido, amor só existe nas novelas e nos filmes de cinema, e família é bom mesmo só para tirar retrato, onde no momento do flash todos estão alegres, unidos, e, sobretudo, felizes, para mostrar p'ra todo mundo ser uma "famíla perfeita e exemplar". Ou será que até hoje você não percebeu isto? – Respondendo-lhe com uma pergunta reflexiva.

 

 

   - Bom, confesso que não sei se você está falando sério ou não, mas caso estiver eu concluo que a sua vida está um lixo. E digo-lhe mais: não o estou reconhecendo, Antônio.

 

   - Antônio??? Ó meu querido, acredito que você ligou para o número errado. Meu nome não é Antônio, meu pai morreu quando eu era pequeno, e minha esposa não se chama Mônica, e nós vivemos muito bem. Ainda não temos filhos, mas estamos planejando. E eu jamais estive preso.

 

   Tuuuuuummmmmmmmm. O telefone desligou.

 

   E naquela hora eu pensei:

   - Nossa! Quanta falta de educação por parte deste sujeito. E eu [aqui] tentando agradá-lo com a minha conversa!

 

   Liguei a televisão para ver o jornal, a aguardar minha esposa que naquela hora estava terminando seu banho.

 

 

06/02/2023

 

IMAGENS: INTERNET

 

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APENAS TEXTO:

 

DEPOIS DE UM CANSATIVO DIA DE TRABALHO

 

   “Nunca interrompa seu inimigo enquanto ele

        estiver cometendo um erro”

                       (Napoleão Bonaparte)

 

   Com certeza não há nada mais “milagroso” no mundo que o encurtamento das distâncias, ao que disse muito bem o famoso escritor no título de seu livro “Longe é um lugar que não existe” (Richard Bach). Mas, o problema é quando as mensagens não chegam às pessoas certas, talvez por um erro de digitação a se fazer numa carta, ou o próprio carteiro a ter enviado ao endereço errado (o que é possível acontecer). E não é o que parece que com certa pessoa houve?

 

   Pois bem, direi aqui o que me ocorreu por estes dias:

 

   Após um duro dia de trabalho finalmente chego em casa, oh! graças a Deus! Tomei um banho relaxante e prolongado, sem me importar quanto à conta de energia. E bastou-me sentar em meu sofá pelo que o telefone toca.

 

   Triiiiiiiiimmmmm

 

   - Aló. – Ao qu’eu o atendi.

 

   E uma voz desconhecida a dizer do outro lado da linha:

   - E aí, meu camarada, você está sumido, o que tem arrumado nestes anos todos?

 

   - Quem está falando? – Perguntei-lhe, então.

 

   - Ah! os anos passam e as pessoas nem mais se lembram da voz dos amigos, né?

 

   Então, confesso que fiquei sem saber o que fazer, pelo que não recordava mesmo do timbre da voz que naquela hora me dirigia. Mas, no receio de cometer uma falta de educação, prossegui na conversa, simulando que eu sabia quem estava no outro lado da linha.

 

   - Ah! como haveria de me esquecer de tu, meu querido? Aqui comigo as coisas estão indo conforme a maré, no que estou deixando os ventos levarem o “meu barco” para qualquer canto que for. - Respondendo-o assim.

 

   - E o que você tem feito ultimamente? – Perguntou-me aquele desconhecido interlocutor.

 

   - O que tenho feito? Quase nada, talvez só esperando a morte chegar. Na verdade, acabo de sair por estes dias da cadeia por não ter pago a pensão alimentícia de meus filhos. E converso contigo [agora] estando minha perna atada com uma tornozeleira eletrônica (por estar em "liberdade provisória"). Sabe como é, né? Negar pensão alimentícia é a única coisa que funciona de verdade em termos de Justiça aqui “neste Brasil”. Mas, antes disso, quando ainda era casado cheguei a ser preso duas vezes por ter sido enquadrado na Lei Maria da Penha. – Dizendo-lhe a ele.

 

   - Você batia na sua mulher? Eu não acredito, ainda mais vocês que formavam um casal tão bonito, você e a Mônica! – Argumentou-o, então.

 

   - Ah, meu amigo, é como se diz: o amor é cego, sendo o casamento é o que nos faz abrir os olhos.

 

   [Risos do outro lado]

 

   - Mas chegar ao extremo de agredir a esposa...

 

   - Eu nunca a espanquei pelo que [ela] merecia, só lhe dava uma “surra moderada e exemplar”.

 

   - “Surra moderada e exemplar”?! Sem palavras! Tudo bem, não vou querer me intrometer na sua vida conjugal (que, por sinal, dá toda a evidência que acabou). Mas, me diz aí: e quanto ao seu pai, como está o velho?

 

   - O meu amado pai? Tem mais ou menos uns 6 meses que eu não tenho notícias nenhuma dele. Eu e meus irmãos o colocamos num asilo, de forma que só assim pudéssemos ter a liberdade de viajar para praia ou passear para outros lugares. – Dizendo desta forma ao "meu amigo".

 

   - O quê? Vocês o jogaram num asilo? Pelo amor de Deus, onde está o amor de vocês para com ele? E a consciência de família? – Perguntou-me um tanto surpreso, mas bastante indignado.

 

   - Amor? Meu querido, amor só existe nas novelas e nos filmes de cinema, e família é bom mesmo só para tirar retrato, onde no momento do flash todos estão alegres, unidos, e, sobretudo, felizes, para mostrar p'ra todo mundo ser uma "famíla perfeita e exemplar". Ou será que até hoje você não percebeu isto? – Respondendo-lhe com uma pergunta reflexiva.

 

   - Bom, confesso que não sei se você está falando sério ou não, mas caso estiver eu concluo que a sua vida está um lixo. E digo-lhe mais: não o estou reconhecendo, Antônio.

 

   - Antônio??? Ó meu querido, acredito que você ligou para o número errado. Meu nome não é Antônio, meu pai morreu quando eu era pequeno, e minha esposa não se chama Mônica, e nós vivemos muito bem. Ainda não temos filhos, mas estamos planejando. E eu jamais estive preso.

 

   Tuuuuuummmmmmmmm. O telefone desligou.

 

   E naquela hora eu pensei:

   - Nossa! Quanta falta de educação por parte deste sujeito. E eu [aqui] tentando agradá-lo com a minha conversa!

 

   Liguei a televisão para ver o jornal, a aguardar minha esposa que naquela hora estava terminando seu banho.

 

06/02/2023

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 06/02/2023
Reeditado em 06/02/2023
Código do texto: T7712715
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