A CASA DE BRAGANÇA

A CASA DE BRAGANÇA

Findou-se a cláusula pétrea, cem anos de silêncio sobre o Regime Imperial. Mesmo assim, escondida em terra fértil a semente vigorosa da monarquia não morreu. A presença do rei está guardada entre nós como uma lembrança saudável, na dinastia da Casa de Bragança. A imagem do Imperador continua cunhada nos nossos corações, herança histórica e cultural que não se apaga. Nenhum povo das Américas teve em suas páginas história semelhante a nossa, considerando-se a riqueza lusa, trazida pela coroa portuguesa.

Lamentamos que muitos brasileiros não consigam alcançar o valor de uma monarquia moderna, confundindo-a com a monarquia absolutista do passado, quando nesta o rei distanciava-se do povo ocupando um trono, desfrutando privilégios, vivendo o espaço restrito da corte para a corte.

Temos consciência de que hoje muitos países prósperos e desenvolvidos do primeiro mundo europeu são de regime monárquico. O monarca é o funcionário público número um da nação. É ele o protetor e o defensor dos direitos do cidadão, exercendo o poder moderador em benefício do povo, garantindo-lhe tranquilidade constitucional, institucional e democrática. Por permanecer no mandato ao longo dos anos ele tem maior visão da problemática do país, tornando-se um guardião da nacionalidade.

Guardamos no imaginário coletivo a presença simbólica do rei que perdemos, quer seja na inspiração do poeta ou na beleza do nosso cancioneiro popular.

Manuel Bandeira desabafou em seus versos: “Vou-me embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei”. Chico Buarque de Holanda no mesmo tema cantou: “Quem tiver sorriso/Fique lá na frente/Pois vendo valente/Tão leal seu povo/O rei fica contente/Porque é ano novo.” Para o povo o Rei Pelé, por exemplo, que nunca perde a majestade.

Se o rei ainda vive nas nossas manifestações literárias e populares, lembramos com saudades dos representantes da Casa de Bragança no governo do nosso país de outrora. Seria a monarquia uma ideia viável? Instaurar o Regime Monárquico é ainda o desejo de muitos brasileiros?

Na verdade, orgulhamo-nos ao citar que, as cores verde e amarela da nossa bandeira nada têm a ver com as nossas florestas e o ouro das nossas riquezas. O verde é a cor da Casa de Bragança e o amarelo da Casa de Habsburgo, a que pertenciam o então príncipe herdeiro, depois Dom Pedro I, Imperador e Dona Leopoldina, arquiduquesa, em seguida Imperatriz. O verde e o amarelo surgiram, pela primeira vez entrelaçados, quando do casamento dos dois, antes da Independência do Brasil. Daí, a adoção vem do Império, como um dos nossos mais significativos símbolos históricos. De Portugal herdamos relíquias como a língua de Camões, “última flor do Lácio” desabrochada no trópico, trazida pelas conquistas ultramarinas. Lembrar os feitos de Dom Pedro II que com amor e dedicação fez do Brasil uma grande nação. De forma injusta foi expulso com toda a sua família do país que amava pelas forças revolucionárias da república que mal explicada arrombava as portas para entrar e ficar. Mal sucedida, poucos presidentes chegaram ao final de seus mandatos e outros nos legaram histórias incríveis do suicídio de Vargas, da renúncia de Jânio Quadros, do impeachment de Fernando Collor e Dilma Rousseff e agora a crise de valores éticos que vivemos com histórias tristes de corrupção, condenações e prisões de políticos desconhecedores dos seus reais compromissos com o Brasil que se arrasta numa das suas maiores crises econômicas.

Tive a oportunidade de conhecer S.A.R. o Infante Dom Miguel de Bragança, Duque de Viseu, em Lisboa. Ofereceu-me um Título Honroso de Membro Efetivo da ORGANIZAÇÃO HARMONIA UNIVERSAL que preside. Na sua simplicidade acompanhou-nos em vários passeios, guiando-nos pela cidade e imediações, contando com detalhes a gloriosa História de Portugal, da Península Ibérica e das Grandes Navegações expondo a sua vasta cultura num laço forte que ata para sempre brasileiros e portugueses pelas afinidades histórico-culturais não importando que sejamos nós república ou império. Somos lusos de alma.

Amélia Luz
Enviado por Amélia Luz em 06/02/2023
Código do texto: T7712896
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