TEMPOS MODERNOS

No início dos anos 70, meu pai dizia que preferia uma filha cafoninha a ter uma filha redondinha.

Esta semana, uma propaganda governamental de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis mostrava uma adolescente chegando em casa com o namorado. Apresenta-o a mãe que imediatamente saca uma camisinha, observa ao rapaz que cuide bem de sua filha e o casal se dirige para o que parece ser a porta de um quarto. Segue, nem todo mundo tem uma mãe assim.

Fiquei pensando, isto é casa de quem não tem pai por perto. Muitos pais, que estão na faixa dos quarenta, cinqüenta anos, têm de fazer de conta que acham a coisa mais normal do mundo a filha com o namorado no quarto. Se bem me lembro, desconheço pai que suporte pacificamente a filha rodando de mão em mão, sujeita às liberalidades impostas via televisão com ares de normalidade.

Adolescentes apostam quem beija mais na festa de hoje, parece coisa de uma cuspideira só. Imagina o DNA da saliva de um adolescente pós-festa. Impossível fazer contra-prova. Liberalidade que rima com promiscuidade. Saliva de muitos no mesmo lugar, nos tempos da juventude do meu bisavô, só em escarradeira.

Porém, assim como tem gente para tudo, tem pai para todos os gostos e a exceção para confirmar a regra.

A Mariazinha nem chegou à adolescência e já vinha trazendo a gurizada da sala pra cozinha, melhor, para o quarto. Com uma freqüência impressionante. Um amigo do pai da jovem, meio sem jeito, resolveu abordar o assunto com o mesmo.

O Justino era um homem de firme caráter, de larga trajetória na comunidade. Homem de princípios, segundo a maioria, de palavra, de assinar com fio de bigode, de não deixar para depois o que tem de resolver hoje. Aparentemente, homem para se tratar do assunto comendo pelas beiradas, com muito tato. Para seu maior azar, não havia feito um filho para dar seguimento ao seu nome.

O amigo, meio que sem jeito, depois de alguns floreios, disse:

- Justino, você não acha que deveria dar uma atenção especial a Mariazinha.

- Por que motivo?

- Ela está andando,..., perigosamente,..., com muitos meninos e ... eu acho que ... ela anda correndo risco ... e ...

O Justino interrompeu o amigo:

- Esta guria não tem mais jeito, não pode passar um dia sem sexuar, ...

... puxou ao pai!