ESTUDANTES

Mal amanhece o dia, lá vão se eles na direção da escola.

São levas de crianças de todas as idades, algumas sonolentas, chorosas, nos braços dos pais, algumas correndo para evitar atraso na entrada, outras com passos miúdos para, pelo atraso, ficarem de fora e prolongarem, pelo menos por mais um dia, as benditas férias.

Carregam as mochilas pesadas, causadoras de curvatura na coluna vertebral, cujo nome genérico, escoliose, apesar da semelhança não deriva de escola, mas da palavra grega que significa curva.

Livros novos, cadernos ainda em branco além de todo o resto do material escolar, cumprem a rotina de ir e vir sem que, muitas vezes, sejam utilizados.

Como bando de maritacas, falam alto, riem, conversam entre si com frases desconexas para meus velhos ouvidos incapazes de decodificar o linguajar atual.

Enquanto não me sentia ambientado, eu odiava os primeiros dias, os professores, as tarefas... tudo aquilo que era o avesso das férias escolares.

Tempo de brincadeiras, de acordar cedo para passar mais tempo sem fazer nada. Com o passar dos dias, tudo se modificava e a cada dia aumentava a satisfação de ir para a escola, de encontrar os colegas, as brincadeiras, as tarefas, as aulas, os eventos fora de currículo, tudo era festa e prazer.

Menos as provas surpresa. Quem nunca ouviu o professor dizer:

Guardem o material, destaquem uma folha do caderno e coloquem seus nomes na primeira linha, não sabe o que é pavor, desespero, dor de barriga e suor frio...

Da minha varanda, quando os vejo passar lembro que há muito tempo eu fui um deles e mesmo depois de tantos anos sinto gratidão por ter passado por essa fase que, agora reconheço, foi maravilhosa.