Toninho Moraes

Que falta você faz!

Seu corpo jaez.

Mas, conosco sua alma poética.

Que toca em nossa memória.

Eu, há tempos sem visitar Amambai.

Voltei a te encontrar com marcas.

Eram marcas de sofrimento.

Percebi, na hora de seu cumprimento.

Olhos fundos de tristeza.

Você sabotou a melancolia.

Esboçou sorriso forçado,

Talvez, pra ser do meu agrado.

Naquele momento saudamos nosso reencontro.

Foi algo feito de encanto.

Eu não sabia de seus tormentos.

A abordagem foi normal.

Papo de saudosista que parecem de bem com o presente.

Perguntas normais. Respostas informais.

Mas, algo me intrigava!

O que estaria acontecendo?

A pergunta vinha de meu interior.

Não podia indagar nem expor.

Era um dos únicos de minha época que reencontrei.

A cidade parecia deserta.

Pessoas estranhas à nossa volta.

Só nós dois apreciando uma gelada que ofereci.

Estendemos as horas nas lembranças.

Ele se revelou um cara reservado pra sua vida.

E eu não quis extrapolar seus limites pessoais.

Falamos de tudo de nossa época.

Foi uma tarde de meras lembranças.

Nada de presente ou de futuro.

Só de perguntas sobre amigos que só eu fazia.

Ele, as vezes, embaraçava -se com o silêncio.

Eu, percebendo, tentava reorganizar as lembranças.

Era o assunto que ele demonstrava interesse.

Dessa forma chegou a despedida.

Desejei-lhe votos de sucesso e de felicidade.

Ai…ele olhou para o horizonte e, em silêncio, desejou-me um breve retorno.

Confesso que sai dali intrigado!

Enquanto ausente ouvi muitos rumores de pessoas de minha época que não tiveram êxito nas suas opções.

Ai…passaram-se os anos e não mais retornei.

Toda minha família tinha saído da cidade.

Demorei para voltar à Amambai.

Depois de muitos anos é que fui saber do triste destino do amigo Toninho Moraes.

Perdeu-se nos seus versos.

Viveu a riqueza de suas poesias.

Mas, pereceu no seu calvário de ser humano.

A vida tinha lhe deixado marcas.

Os açoites que ‘os tombos’ da vida tinham lhe reservado fim precoce.

Ele não teve forças pra driblar seus devaneios.

Caiu moribundo na rua da ‘amargura’.

Tornou-se vítima dos vícios que corroem o corpo.

E não aguentou as agruras desse calvário.

Foi-se novo!

Que Deus o proteja nessa Nova Dimensão.

Auguro que os louros do sofrimento material o tenham elevado ao Reino da Glória.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 07/02/2023
Código do texto: T7713867
Classificação de conteúdo: seguro