"O espião"

"A pequena espiã" e a sina do observador-escritor

Me lembro de um filme dos anos 90, de quando eu era criança e adorava assistir, que se trata de uma menina que começa a escrever um diário, passando a anotar tudo o que percebe e sente de sua vida e dos outros, se considerando uma espiã, ou repórter, sempre curiosa e atenta. Então, em um certo dia, sua maior inimiga na escola, uma garota rica e esnobe, consegue roubar seu diário, passando a lê-lo na frente dos seus colegas, revelando até os seus pensamentos mais proibidos. Eles se voltam contra ela, que passa a sofrer "bullying" como reação ao que escreveu, por exemplo, debochando sobre a condição social precária do pai do seu melhor amigo e sobre seu temor de que sua melhor amiga enlouqueça por ser tão obcecada em fazer experimentos científicos. No final, tudo se resolve e ela consegue reconquistar suas amizades.

Pois hoje, eu me sinto tal como essa garota, como um espião que observa e anota tudo o que pensa, se em algum rascunho de email ou na cabeça, sobre a (minha) vida e as dos outros. E se não tenho exatamente um diário com informações bem pessoais e possivelmente comprometedoras, eu já escrevi e publiquei, de maneira indireta, críticas a opiniões, posicionamentos e atitudes de amigos e conhecidos, sem citar nomes. Por isso, eu temo que, em um certo dia, algum deles venha a perder seu tempo lendo o que escrevi e se ofenda profundamente com algum texto ou pensamento meu, já que não perdoo quase ninguém, se grego ou troiano, jacobino ou girondino...

Mais um Thiago
Enviado por Mais um Thiago em 10/02/2023
Reeditado em 04/04/2023
Código do texto: T7715895
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