_________________________NEM SÓ DE PAPÉIS...

 

 

O casamento não passa de um trato. Um contrato sacramentado pelo padre, pelo juiz — permeado de assinaturas, testemunhas e juramentos.   Mas como é que se jura algo de que não se tem certeza? O futuro é um vão. Imune às incertezas, pós-núpcias, segue o casal na aventura jurada... Até o dia em que numa esquina qualquer, certo olhar casual, saindo não se sabe de onde, anula todas as promessas de pé de altar, ou balcão de cartório. Põe tudo a perder — ou a ganhar?

 

É difícil retornar aos dias de festas e juras, e sentir que já não se pode mais honrar a fidelidade. A vida muda, as pessoas mudam, as situações caminham. Mas e os tratos? Soltos ao vento, eles pouco dizem sobre papéis cheirando a mofo de gaveta. Então os juradores traíram as próprias juras? Ninguém traiu. Nessa história há mais quem tenha sido traído pelos desvios da vida. Apurados os fatos, redimidas as culpas, cada um segue seu rumo. Ah, os tratos! Esses viram só lembranças de ontem.

 

Concordo com muita coisa que eu disse, só não posso concordar com: “O casamento não passa de um trato”. É mentira. Às vezes, ele passa, sim. Vira pacto pra vida inteira, vai às raias da eternidade. Eu mesma conheço muita gente que já conquistou a Prata, o Ouro, o Diamante e segue firme e forte rumo ao Sândalo e ao Jequitibá.

 

 

Tema: Tratos ao vento (crônica)