Bom Sinal


Acabara de chover. Os pingos da chuva ainda estavam na grama, nas lápides e nas roupas das pessoas que acompanharam o cortejo sem guarda chuvas.
Foi nesse cenário que o corpo desceu para o descanso e a transformação.
De repente, no céu ainda acinzentado abriu-se um clarão azul e o sol como se quisesse compensar o atraso abriu em nossa frente um enorme arco íris em forma de portal:
- desculpe pelo atraso Sr. Moacir Paes de carvalho
- seja bem vindo
- esteja em casa
Nessa hora observei alguém dizer, BOM SINAL ! e eu querendo concordar respondi em silêncio, BOM SINAL !
Nos rostos dos filhos pude ver ainda um último gemido, e a água que há pouco caia do céu, rolava naqueles olhos tristes.
Em meio a esse ciclo da natureza, fico intrigado em constatar tanta diferença em gestos tão iguais, ao mesmo tempo em que cavamos a terra para plantar uma árvore e fazemos brotar uma nova vida, depositamos outra, inerte, para o descanso e a transformação.
É nessa igualdade tão diferente que vejo o grande mistério dessa mãe terra que acolhe a semente e faz brotar nas suas entranhas as mais lindas flores, breves passageiras, mas como nós, vão e vêm e ao chegar trazem essa imensa beleza colorida que enfeita a sua própria face.
É como se quisesse trocar o morto pelo vivo, o feio pelo bonito, a tristeza pela alegria e o inerte pelo balanço que ao sabor dos ventos vai nos ensinando os caminhos desse mundo de DEUS !
Aos poucos fomos nos despedindo e descendo, carregávamos entretanto duas grandes certezas:
aquele ainda não era o nosso mundo, para nós e para ele, em planos diferentes .... a vida continua !



Renato Paes
Março 2006



Renato César Nunes Paes
Enviado por Renato César Nunes Paes em 10/12/2007
Reeditado em 12/01/2008
Código do texto: T771924
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