As coisas nem sempre são como planejamos

Eram quatro amigas, destas que tudo fazem juntas e que se divertem com o simples fato de partilharem algumas horas juntas.

Certa vez, na época do natal, resolveram ir a São Paulo, fazer compras juntas. Definiram a data e passaram a estudar qual seria o melhor lugar para irem.

Depois de muito discutirem, resolveram que a melhor opção seria irem a um shopping, por ser mais prático. Escolheram o local, marcaram a data e acertaram o horário de saída.

No dia e hora combinado saíram juntas, uma delas dirigindo e assim, foram ao seu destino.

A disposição de todas era uma maravilha, cantavam e riam sem que fosse preciso haver justificativa para tal.

Já na estrada, nem bem percorreram os primeiros quilômetros, e uma delas pediu que parassem, pois estava morrendo de sede. Todas entusiasmadas concordaram, pois não havia horário a se cumprir e o objetivo era, na verdade, curtirem o dia juntas. Após matar a sede, retomaram a viagem, sempre mantendo um clima de alegria e camaradagem.

Mais adiante, alguns poucos quilômetros adiante, a mesma que havia solicitado a parada por estar com sede, sinaliza que estava necessitada de ir ao bainheiro. Bem, todas se olham, compreendendo ser perfeitamente natural esta reação, uma vez que a referida amiga havia tomado uma considerável quantidade de água.

Pararam em um posto, e desceram dirigindo-se ao banheiro. Ao sair, todas se alegram novamente e retomam a viagem cantando animadamente.

Já faziam planos do que pretendiam comprar e de como iriam passar as próximas horas, quando a amiga, um tanto sem graça, solicita que parem novamente, pois estava morrendo de sede. As amigas entreolham-se, sem muito entusiasmo, mas, resolveram que não seria uma bobagem que iria estragar o passeio e, ao aproximarem-se de um posto, param sem tecerem grandes comentários. Desta vez ninguém desceu acompanhando a amiga sedenta, e aguardaram que ela retornasse.

Tão logo a amiga voltou, retomaram seu caminho. A amiga, com um sorriso sereno comenta o quanto bebeu de água, pois estava uma delicia! Agradavelmente fresca.

Meia hora depois, ela solicita que parem no próximo posto, pois se encontra apertada novamente. Informa o grupo de maneia contida.

Nesta hora, um silêncio no carro transmite os pensamentos das amigas que dirigem a ela olhares enviesados, já não conseguindo esconder a impaciência.

Após o silencio constrangedor, e da troca de olhares das outras três, a que estava no volante, dirige-se ao posto que se aproxima, e sem uma palavra sequer, estaciona e desliga o motor.

Desajeitadamente, a que se encontrava apertada, dirige-se ao seu destino, e as que ficaram no carro, não ousam trocar uma só palavra, provavelmente sabendo que se o fizessem, acabariam por estragar todo o passeio.

Aguardaram que a amiga retornasse e prosseguiram na estrada, não sem antes se certificarem de que nada mais ela estaria necessitando.

Percorreram um trecho razoável, já se aproximando da entrada de São Paulo, quando a amiga solta um sorriso forçado e comenta como se fosse algo que lhe pareceu ocorrer naquele momento: - Nossa, poderia tomar dois litros de água num só gole tamanha sede que tenho....

A motorista, de imediato dá seta, vai para o acostamento, estaciona e desliga o carro. Nesta hora quatro olhos ultrajados acompanham a cena do banco de trás. Quando o carro está todo desligado, a motorista vira-se para a amiga que, passou metade da fatídica viagem entre banheiros e balcões, e diz pausadamente:

Por gentileza, pare de tomar água, que certamente ira parar de ir ao banheiro, e o que é mais importante...poderemos realizar o que viemos fazer aqui!!!!!!!!

Ao que a amiga em questão responde calmamente:

_ Amigas, vocês precisam relaxar...são por demais tensas...Vão acabar tendo problemas de hipertensão!

No mesmo instante, a motorista liga novamente o carro, dá meia volta e retoma calmamente na estrada.

Ao passarem no primeiro posto, a amiga, causadora da interrupção do passeio comenta alegremente:

Ninguém quer tomar um copinho de água gelada!!!

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 24/03/2005
Código do texto: T7726