VINHOS COM SUOR DE ESCRAVIDÃO

VINHOS COM SUOR DE ESCRAVIDÃO

(Autor: Antônio Brás Constante)

Algumas vinícolas do RS resolveram inovar, voltando as práticas dos porões do passado, e para maximizar seus lucros, optaram por agir em duas frentes:

Uma cobrança exorbitante de valores por suas bebidas da turminha que se acha rica (até aí tudo bem, para quem quer pagar para ter o status de dizer que bebeu algo caro).

Contratar a força de trabalho dos pobres em condições análogas a escravidão, utilizando um dos tripés dissimulados do capitalismo: Custos de mão de obra irrisórios e ganhos notórios, através de comportamento vexatório.

Neste caso específico, vale lembrar das frases de uma das canções de Chico Buarque:

"Afasta de mim este cálice, de vinho tinto de sangue.

Como beber dessa bebida amarga

Tragar a dor, engolir a labuta

Mesmo calada a boca, resta o peito.

Silêncio na cidade não se escuta.

De que me vale ser filho da santa.

Melhor seria ser filho da outra.

Outra realidade menos morta.

Tanta mentira, tanta força bruta..."

Mas afinal o que é o trabalho escravo? Podemos dizer que é tudo aquilo que alguém não gostaria que fizessem com ele, ou com seus filhos, ou com seus irmãos, ou até mesmo com seu cachorro, mas que obriga, sem qualquer pudor, outras pessoas a fazerem.

A escravidão é um tipo de ressaca forçada que martiriza o corpo e a mente, onde alguém que está de bico seco, e estômago e bolsos vazios, sofre em silêncio, vítima da embriaguez gananciosa daqueles que tomam tudo que é seu.

Ao se pisar nos grãos de uva, espremer seu suco, e esmagar sua casca, obtemos a essência do vinho. Ao se pisar nas pessoas, espremendo sua força de trabalho, e esmagando suas esperanças, obtem-se como resultado um substrato repulsivo, denominado escravidão.

Antes o Rio Grande do Sul tinha a Fenavinho, agora ao que parece também teremos a EscraVinho, a feira do trabalho escravo. Comemorada no mesmo período

da ExpoRação (exposição de ração? Parônimo de exploração? ou gozação sem graça criada pela turma da 5ª série?).

"Ain mas não devemos generalizar...". O que não devemos é nos calar. Pois quem cala consente. E se consente é porque de alguma forma em seu íntimo o chapéu serviu.

Caso você também tenha se indignado com isso (sendo gaúcho ou não), exija atitudes do poder público, bem como a manifestação de outras vinícolas, e do povo gaúcho contra esse absurdo. Use as redes e ponha a boca no trombone.

Se os brasileiros, e principalmente o povo Rio Grandense, não se manifestarem veementemente contra essa situação, já podemos pensar em trocar a letra de nosso hino para: "que sirvam nossas vergonhas de mau exemplo a toda terra...".

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