A difícil credibilidade

Eu, uma otimista incorrigível, começo a perceber indícios fortes de um pessimismo real, e isso é novo pra mim. Que País é esse? Nunca acreditei que as pessoas são completamente ruins, sempre confiei na recuperação dos teimosos, na reabilitação dos ignorantes e confiava que dentro do peito de cada político brasileiro também haveria de bater um coração. Sabia dos problemas do nosso País, mas certas coisas ainda serviam como consôlo. Pois querem saber? Eu trocaria tudo que esse País tem de belo, por um pouquinho de dignidade. Acabamos como nação!!! Já não me serve nossa música estourar lá fora, nem nosso cinema estar bombando. Que me importa o crescimento da indústria do entretenimento, que vai muito bem obrigado, se algo de "podre" acontece todo santo dia por trás dos refletores e pior ainda, em cena, no ato, todo dia. Uma vergonha descarada. Não é possível que nada possa ser feito para melhorar. Não podemos continuar convivendo com falsificações, falcatruas, com a contravenção autorizada nas favelas, com o coronelismo no Nordeste, com a quantidade de crianças sem estudo, com o desvio do dinheiro público, com o mau caratismo desbancando o Corcovado como nosso cartão postal.

Não posso reclamar da vida, nem você que está aí a ler esse texto. Mas reclamo por medo antecipado, reclamo porque quero continuar caminhando sem esse medo que apossou-se de todos nós, viramos reféns. Os podres desse Brasil lindo e trigueiro estão sendo desovados. Que reciclem de uma vez por todas esse lixo, que não queremos que nossos filhos tenham como herança. Educação, saúde, aplicação da lei, desarmamento, incentivos culturais, medicina sanitária, tudo e tanto que falta, vontade, de toda essa gente que brigou para estar aonde está. Não pode ser tão difícil assim. Nem tão caro. Nem tão raro.

Mariles da Costa Boschi
Enviado por Mariles da Costa Boschi em 10/12/2007
Código do texto: T772874