PORTA DA FRENTE
Era totalmente em desuso a porta da frente para a entrada e saida dos moradores da casinha rosa na rua das pitangas. Sendo todo o acesso ao aconchego do lar, bem como as saídas da casa, feitas pela porta dos fundos.
Por esse motivo, a porta da frente poucas vezes era aberta, somente para alguns amigos, os poucos convidados. Nessas ocasiões a claridade vinha tomar conta da sala e as visitas esparramavam-se no velho sofá azul marinho.
Sempre acreditei ser essa uma forma de manter essa peça da casa mais limpa, havendo assim uma deferência aos possíveis visitantes. Hoje, e muito tempo depois, em uma visita na casa de amigos, constato o uso ininterrupto de todos os acessos de entradas e saídas da residência serem feitos sempre, e por desejo dos transeuntes, pela porta principal, a porta da frente.
Esse tema mesmo com sua simplicidade, nos possibilita uma reflexão: será que entendemos que usar é vivificar? até que ponto nós nos priorizamos quanto ao nosso acesso aos nossos próprios bens? Será que reservamos para nós a melhor peça da casa; o melhor lugar do mundo; o melhor pedaço do bolo?