ABORTO, opção ou imposição?*

Nas vésperas de um encontro continental que visa a discutir a legalização ou não do aborto na América Latina, instituições de direita, apoiadas pelo Vaticano, vão à ofensiva no intuito de frear as manifestações de apoio e de impedir que a mulher tenha o direito de optar em interromper a gravidez. A interrupção voluntária da gravidez precisa deixar de ser crime, pois só a mulher pode decidir sobre seu próprio corpo.

Num sistema patriarcal e machista como o sistema capitalista, as burguesias de todo o mundo relutam a idéia de sequer cogitar tal hipótese. Ao invés disso, preferem argumentar que tais práticas são contrárias aos ideais de familia e de Deus. Amparadas pelo discurso conservador da Igreja Católica, coíbem as manifestações favoráveis à legalização do aborto, impedindo assim o livre-arbítrio da mulher decidir ou não seu destino.

Como já é de conhecimento de praticamente todas as pessoas, a interrupção voluntária da gravidez antes dos 3 meses de fecundação não é crime. Isso porque somente a partir do terceiro mês de gravidez é que se pode afirmar que existe uma vida. Além disso, a legalização evitaria milhares de mortes que acontecem todos os anos em clínicas clandestinas e em práticas mal feitas por mulheres pobres que não têm acesso às clínicas.

Não é a toa que, no Brasil, as manifestações acontecerão em grandes cidades, como Belo Horizonte , Fortaleza, São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro***, onde clínicas dessa espécie são comuns. Nenhuma mulher é obrigada a aceitar uma gravidez casual, por exemplo. Favorável que sou ao direito da mulher decidir o seu destino, repudio qualquer prática elitista de manifestação anti-aborto. Quem pensa o contrário corrobora, mesmo que sem intenção, ideais conservadores, repressores e machitas.

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* Publicado em meu blog pessoal no dia 27/09/2007.

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