Sente n(a) grama: convite para ventilar as idéias

- Venha!

Disse o verde vistoso da grama aos meus olhos que admiravam a sua natureza volátil, a exalar o cheiro de mata molhada.

Sentei-me, tirei o livro da bolsa e comecei a ler o capítulo mais curto de Lolita de Nabokov. Me senti como uma colegial a desfrutar de um momento fugaz.

Terminei a leitura, fechei o livro e olhei admirada ao meu redor, descrente de que tinha aceitado o convite da gramínea.

Tirei meus sapatos e deixe a grama massagear meus pés descalços e naquele instante, em um momento ínfimo de plenitude, descobri os segredos da tranqüilidade.

- Venha!

Disse o vento suave, que se tivesse sabor, como seria doce!

Ah!!! Se eu pudesse me desviar de olhares que passavam aleatoriamente debaixo da árvore que me acolheu com sua sombra, colocaria-me nua, ali mesmo, desfrutando de um naturalismo pleno.

Ainda que vestida, senti meu corpo mesclar-se com a vegetação, por alguns minutos eternos.

- Vamos!

Disse a vida e meus amores, que ao invés da calmaria da paisagem, provocam-me tufões de paixões intensas.

Brenda Marques Pena
Enviado por Brenda Marques Pena em 11/12/2007
Reeditado em 11/12/2007
Código do texto: T773402