não se remedia o veneno da vida e a primeira picada sempre é em jejum

Passados os segundos logo após acordar, meu corpo é tomado por uma dormência.

E não demora muito, me lembro que despertar também é morrer mais um pouco todos os dias.

É até engraçado pensar que o que era pra ser um lembrete de vida e recomeço, soa como um aviso, tipo aquelas sirenes que tocam anunciando uma tragédia e a iminência do fim. O alarme do celular no oco da minha cabeça ecoa uma vontade que não é minha.

Levanto. Mas não acordo.

Me irrito. Mas não falo.

O silêncio com quem durmo, por vezes mudo, por vez gritante, é também minha primeira despedida.

E é aí que percebo: não se remedia o veneno da vida e a primeira picada sempre é em jejum.