Te Pego na Saída!
Em 1987 era assim mesmo, pancadaria rolava solta nos intervalos e saídas de aulas. Eu, por exemplo, tive o prazer de brigar bastante na infância. Apanhei e bati. Tudo normal, galo na testa, hematomas, olho roxo e dente quebrado. Não tinha choro nem vela.
Nos intervalos de aula no colégio Maria Peralta Cunha, no qual estudei entre 1983 a 1990, jogávamos futebol com pedra britada porque os estúpidos sequer forneciam bolas aos alunos. As canelas sempre roxas e sangrando. A merenda era quase sempre sopa rala de fubá ou arroz doce. O portão de entrada e saída dos alunos dava para uma rua de terra esburacada onde todos os dias se via pedradas e terra pro alto, chutes, socos e xingamentos. Não que isso seja normal e aconselhável, não estou aqui como formador de opiniões, mas era a tradição da criançada da época. Hoje não sei como está porque não estou lá, mas é inegável que estamos diante de uma juventude mimada, sentidinha e que se ofende por tudo, onde excluir alguém de uma mísera rede social é sinônimo de inimizade eterna, onde a fofoquinha da vida alheia é essencial para se destacar dentro de grupos, onde a maioria segue vivendo como se tudo fosse um jogo de vídeo game e onde perder se tornou inaceitável dentro de um universo virtual de símbolos, informação massificada e incompleta. Como escreveu Umberto Eco: "a internet deu voz a uma multidão de idiotas", no que acrescento, e amoleceu o couro dos jovens.