QUEM NUNCA, NÉ?

Quem nunca, né? Quem nunca inventou aquela historinha mal contada de que algo de sinistro aconteceu com a atividade escolar, principalmente aquela que o professor passara há uma ou duas semanas, crente que o aluno iria, em sinal de gratidão pelo prazo prolongado, caprichar na produção e apresentar os resultados no dia acordado?

Mas nem sempre é assim. Sempre tem alguém que esqueceu, que tinha muita atividade de outras disciplinas. Sempre tem um copo de suco ou de café que se joga sobre o trabalho supostamente concluído, ou um cachorro que, justamente no dia da entrega da atividade, achou de saborear o magnífico trabalho do aluno desafortunado.

Daí, já sabe: “eu juro que eu não tô mentindo! Meu cachorro comeu meu trabalho da escola de novo! É sério!”. Ou então, “Tio, eu já tava atrasado para a escola e meu pai teve que correr um pouquinho. Aí, o trabalho voou pela janela. Foi mal”.

Pobre doguinho que comeu um trabalho imaginário. Pobre aluno que ficou sem café e sem atividade e ainda por cima se atrasou e obrigou o pai a correr “um pouquinho”, fazendo borboletear pela janela o que sobrou das atividades escolares… Pobre professor que reluta, reluta, mas ao final acaba tendo que aceitar a justificativa do esquecidezastrazado que fez de tudo para cumprir com as obrigações, mas, mais uma vez, não deu.

O tio reflete, respira, aceita. Vai que dessa vez o danado está falando a verdade. Quem nunca, né?