FIM DA RUA
A casa branca ficava no meio da quadra da rua das pitangueiras. Rua longa e ladeada por pequenos arbustos, calçamento gasto e paralelepípedos muitas vezes interrompidos. Era nessa casa que morava a viúva Petrolina e seu único filho Antônio, mais conhecido por Tonho.
Nas lidas da casa a viúva passava seus dias tendo como unica saída as idas a igreja, que ficava no final da rua. Ali ficava também o salão paroquial, junto ao qual havia um pequeno campo de futebol.
Era nesse o lugar que o pequeno Tonho passava as tardes ou
o dia todo, caso fosse feriado. As vezes a mãe ao procurar o filho, moleque, já com seus treze anos, não o encontrando dirigia-se ao final da rua, outras vezes apenas espiava através do portãozinho e avistava a cabeleira loira do menino peralta. Dona Petrolina sabia ser esse o lugar preferido do filho.
Algumas décadas passaram a neve cobriu os cabelos de dona Petrolina e o tempo encarregou de mudar a vida do agora engenheiro Antônio, que casado e morador da capital, aproveita para visitar a mãe na rua das pitangueiras, pois é ali e bem no final da rua, onde antes era um campinho de futebol, que o jovem engenheiro administra a execução da obra de um grande condomínio.
Com a vista curta e o corpo curvado a viúva Petrolina olha, cheia de orgulho, para o final da rua, com a certeza de que ali se encontra seu filho.