PALAVRAS DA FÊNIX

A humanidade estratificada em caixas...

 

Fico só observando... jovens e redes sociais julgam da idade útil, ou da "idosa"...

 

Nem bem você aproveitou a década dos 50, já vêm os invictos das aparências da vida lhe sugerindo animais de estimação para "fazer companhia", remédios naturais para uma infinidade de supostas dores nos canais por assinatura de programação ambiental, bailes de terceira idade...

 

Pessoas que mal começaram a viver a longa estrada julgam e zombam do tempo de jornada de quem viveu muito mais.

 

Seu tempo é o 'agora', e este 'agora' só pertence a eles, representantes do "viço" das aparências da vida - como se todo o resto da humanidade lhes fizesse um favor enorme se auto sepultando com suas histórias de vida inúteis, maçantes!

 

A vida, exuberante, rica de infinitas possibilidades, só deveria pertencer a eles - a ninguém mais... afinal, "eles (os de 50 pra cima) fizeram uma série de besteiras cujas consequências hoje herdam", já vi este protesto de alguns.

 

Ignoram, com este discurso míope, convenientemente, a herança boa e confortável!

 

E com isso se joga fora um patrimônio colossal precioso, construído por sorrisos e lágrimas, que, como acontece com tudo, tomou forma na base do ensaio e erro, é certo... mas isso é inevitável para qualquer ente vivente sobre a Terra!..

 

Não é porque possui ângulos assimétricos, falhas de projeto aqui e ali, que toda uma geração pode ser jogada fora como imprestável!

 

Mas os invictos da era da competição zombam do saudosismo - e toma de se oferecer ora-pro-nobis nos anúncios de TV!

 

Veremos como se sairão essas gerações do presente que, como todas as antecedentes, terão que construir o seu tempo de vida em grande parte sem ensaio, no susto, sem planejamento... E, apesar das variáveis inevitáveis do cotidiano, com a ilusão de ter tudo sob controle... com o seu irremovivel sorriso de lado e de desdém para os que cuidaram, no mínimo, do seu aleitamento. De regar com lágrimas e suor muitas das benesses que usufruem hoje!

 

Deveriam se lembrar de vez em quando de personagens célebres, como Ariano Suassuna, encantador até o fim! Das obras imorredouras de Van Gogh e de Monet... e de um monte de cinquentões e sessentões e etc contemporâneos, anônimos por aí, que criam, trabalham a todo vapor, produzem, seguram as pontas de netos e filhos precisando de apoio para achar o seu norte, com frequência ainda aos trinta ou quarenta anos!

 

Esse pessoalzinho do sorrisinho de lado diante das gerações anteriores precisava com urgência de um upgrade. De se arrancar do século dezenove, quando muito do começo do século vinte, quando a longevidade era breve e cabia ainda um mundo onde competência, produtividade, força de trabalho e, disso, valor humano, se media por faixa etária.

 

Afinal, o sorrisinho de lado da eternidade, de chapéu, óculos de sol e papo nostálgico impassível à beira mar, estilo 'tias do zap', os aguarda...

 

Paciente...

Sem pressa!

 

A eternidade engole tudo e todos para provar que, do humano fugaz, não existe sob o céu domínio sobre absolutamente nada neste infinito de Deus!...

 

Em tempo:

fico com Ariano Suassuna que um dia disse, orgulhoso:

- "nunca fui à Disney"!

 

Me definam!...

☝️⚜️

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 22/03/2023
Reeditado em 22/03/2023
Código do texto: T7746095
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