NA TEMPESTADE

O silêncio noturno é quebrado violentamente pelo vento enfurecido acompanhado de chuva, relâmpagos e trovões. Apesar de portas e janelas do apartamento travadas, das cortinas, da roupa de frio e do edredom o barulho da tempestade atravessava até às paredes e se fazia ouvir noite adentro. Temperatura baixa podia ser debelada com agasalhos adequados, mas o rodopiar do vento mais o ribombar dos eventuais riscos brilhantes caindo do céu e o estrondo dos trovões não passavam despercebidos.

Os elementos da natureza parecem conspirar com o fito de atormentar nosso repouso. Em vão no entanto.

Porque a agradável presença calorosa da amada ao meu lado e seu aconchego aguçam em mim, que a ela transmito idêntico sentimento, a tranquilidade de sonhar. Tendo-a comigo nada abala nossa noite. Ainda que lá fora os grossos pingos da chuva briguem com o sopro agoniado do vento, dos relâmpagos e do trovejar, em nosso leito reina aquela gostosa sensação de que dormir a dois ouvindo o som das lágrimas do céu é por demais gostoso. Soa igual a uma melodia de ninar adultos felizes.

Que a chuva desabe e transborde sobre o asfalto nas ruas, que o vento una-se aos urros dos trovões e a noite demore sob o frio acentuado. Pois sob os reconfortantes lençóis, abraçados num doce aconchego e no calor dos nossos corpos, teremos o sereno repouso reparador dos que se amam. A noite continuará, como sempre, sendo uma criança calma e obediente para nós.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 26/03/2023
Reeditado em 27/03/2023
Código do texto: T7749617
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