O carnaval é uma festa secularizada e, como hoje conhecemos, surgiu como celebração cristã. Afinal, todas as demais celebrações era pagãs com muitos excessos como bebedeiras e repleta de prazeres condenados pela Igreja. Então, a Igreja resolveu condensá-las em um período que antecedesse a quaresma. Assim, os fiéis tinham um momento para extravasar seus impulsos antes de começar sua restrição.  A Igreja, então, tentou impor regras até durante o Carnaval, porém fracassou durante toda a época medieval. O Carnaval na Europa medieval correspondia a um período de subversão da ordem, remetendo-se a ideia de mundo invertido. E, muitas festas saiam do controle e, assim, muitos homens fantasiavam-se de animais e utilizavam máscaras que são duas práticas condenadas pela Igreja.

De fato, o Carnaval era festa tipicamente urbana e se referia ao renascimento urbano medieval. Mas, também
acontecia nas zonas rurais. E, também existia a prática dos homens de fantasiarem-se de mulheres, e por vezes,
resultavam em pancadaria generalizada. Mesmo as autoridades juntavam-se ao Carnaval como forma de garantir seu prestígio perante as massas e, acontecia o carnaval europeu com apresentação nas ruas com pelas teatrais, bailes de máscara, passeatas de carros alegóricos e apresentações musicais. As brincadeiras e insultos também era características fundamentais do carnaval e, um dos insultos mais mencionados pelos historiadores são os charivaris, espécie de justiçamento popular contra um indivíduo que não se enquadrava no que era considerado tradicional naquela época.

Sendo assim, homens traídos ou pessoas que estavam em um segundo casamento, por exemplo, podiam ser alvo de zombaria pública durante  o Carnaval. Um grupo de jovens podia ficar na frente da casa de uma pessoa, zombando dela e só saindo de lá se recebesse algum pagamento em dinheiro, por exemplo. A partir do século XVI, esboçam-se algumas iniciativas de controle do Carnaval por meio de uma associação da Igreja com o poder público. 
Proíbe-se festas nas ruas e a realização de peças teatrais, por exemplo. Essas iniciativas tinham como causas as tentativas da Igreja  Católica de conter os abusos e do poder público de ampliar o controle sobre as massas.

Foram os nossos colonizadores, os portugueses que trouxeram o carnaval para o Brasil e, uma de suas primeiras
manifestações foi o entrudo, uma festa que existia em Portugal e que fora trazida entre os séculos XVI e XVII, tornando-se praticada pelas camadas populares.

No entrudo, as pessoas saíam às ruas para sujarem umas às outras utilizando-se de águas perfumadas, líquidos malcheirosos, como urina e até lama. E, essa zombaria poderia ser feita contra os transeuntes que estavam na rua ou podia enfatizar em uma pessoa específica. Tal prática permaneceu até meados do século XX. Com o tempo, passaram a surgir grupos carnavalescos que conduziam as festas de rua. No século XX, os carros alegóricos e o samba tornaram-se fundamentais para o carnaval brasileiro, que, desde a década de 1930, tornou-se
a festa popular mais importante de nosso país.

A palavra carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é retirar a carne. Esse sentido está relacionado ao jejum que deveria ser realizado durante a Quaresma  e também ao controle dos prazeres mundanos. Isso demonstra uma tentativa da Igreja Católica de controlar os desejos dos fiéis. Suas origens históricas demonstram a influência que o Carnaval sofreu de outras festas que existiam na Antiguidade. Na Babilônia havia duas festas que possivelmente originaram o carnaval.

As Sacéias que eram uma celebração em que um prisioneiro assumia, durante alguns dias, a  figura do rei, vestindo-se como ele, e se alimentando da mesma forma e dormindo com suas esposas. E, ao final o prisioneiro era chicoteado e, depois enforcado ou empalado. Outro rito realizado pelo rei no período próximo ao equinócio da primavera, quando se comemorava o ano novo na Mesopotâmia.
E, o ritual ocorria no templo de Marduk, que foi um dos primeiros reis mesopotâmicos e, onde o rei perderia seus emblemas de poder e era surrado na frente da estátua de Marduk. E, tal humilhação servia para demonstrar a submissão do rei à divindade. E, novamente ele assumia o trono. De comum nas duas festas e que se relaciona ao carnaval era o caráter subversivo de papéis sociais, a transformação temporária do rei em prisioneira e a humilhação do rei perante ao seu deus.

Tal subversão de papéis foi a mesmo que  podemos observar no Carnaval quando os homens se vestiam de mulheres e, adotavam práticas semelhantes.

"A associação entre o Carnaval e as orgias pode ainda relacionar-se com as festas de origem greco-romana, como os bacanais (festas dionisíacas, para os gregos). Seriam eles dedicados ao deus do vinho, Baco (ou Dionísio, para os gregos), marcados pela embriaguez e pela entrega aos prazeres da carne.

Havia ainda, em Roma, a Saturnália e a Lupercália. A primeira ocorria no solstício de inverno, em dezembro, e a segunda, em fevereiro, que seria o mês das divindades infernais, mas também das purificações. Tais festas duravam dias, com comidas, bebidas e danças. Os papéis sociais também eram invertidos temporariamente, com os escravos colocando-se nos locais de seus senhores, e estes colocando-se no papel de escravos."

O carnaval é precisamente comemorado aos quarenta e sete dias antes da Páscoa, numa terça-feira. Carnaval pode traduzido como adeus à carne, e seu significado pode estar vinculado com o jejum que é realizado durante a quaresma, período que tem início na quarta-feira logo a a seguir da terça-feira gorda.

A terça-feira gorda ou em francês Mardi Gras é o dia que precede a quarta-feira de cinzas. É comemorado em
alguns países com o consumo de panquecas. Trata-se de um feriado móvel que é determinado pela Páscoa.
Noutros países, especialmente onde é chamado de Mardi Gras, é o último dia de Carnaval e, para os católicos,
também o último dia de comer gordura, antes do jejum da Quaresma.

Historicamente, trata-se do dia em que os cristãos se despedem da carne, e nos quarenta dias seguintes deverão
jejuar, fazer penitência e, abster-se de comer carne. Em razão da preparação da Páscoa. Tal prática é observado
por muitos cristãos, incluindo-se anglicanos, luteranos, metodistas e católicos romanos. É um momento especial
de realizar autoexame e para analisar quais erros eles precisam se arrepender e, em quais áreas da
vida ou da espiritualidade eles precisam pedir especialmente a ajuda de Deus.

 

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/04/2023
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