A CASA DA MÃE
Era grande o avarandado que circundava o chalé amarelo onde os filhos, netos e demais parentes se reuniam em qualquer que fosse a comemoração. Ali, todos se achavam em casa. Porque era a casa da mãe.
Fossem netos ou bisnetos, genros ou noras todos tinham no encontro daquela casa, a certeza do aconchego que só colo de mãe possui.
O pai já havia partido para o mundo espiritual e a mãe não seguiu o hábito que o marido tinha, e que era a forma de contribuir nos encontros familiares: meses antes das comemorações ele ia guardando garrafas de cerveja que seriam sorvidas pelos familiares, pois ele próprio não bebia. A mãe envolvia-se com o fabrico dos pequenas roscas de massa e doces de calda.
Com a ausência do marido, a vida da mãe passou a ser a espera dos filhos, o que lhe enchia o coração e a casa.
Os filhos traziam seus filhos que traziam seus filhos, e assim era mantida a grande árvore genealógica, cuja raiz estava cada dia mais fraca e envelhecida.
Até o dia em que tudo acabou. Junto com a vida da mãe foram-se
os momentos de união familiar, de encontro e de harmonia. Pois depois disso, ninguém mais procurou a casa da mãe.