Tuas ruas, Bixiga!

Como deixar escapar os detalhes que vejo pelas ruas, pelo Bixiga?

Gostaria de ser melhor escritor ou um escritor mais rápido. Porque vai acontecendo tanta coisa que a gente se perde. Tem tanto detalhe para olhar. Tanto em cima como embaixo, alguém já disse que assim em cima como embaixo; assim embaixo como em cima – e daqui do alto, eu vejo o céu do Bixiga e se me permite o trocadilho, é uma bela duma vista, só prédio e urubus, coisa linda! Mas estou sendo simplório – além do céu e dos urubus e dos prédios, vê-se umas tintas verdes das copas das árvores, que resistem.

O desenho das nuvens também me encanta, escrevo isso abobalhado, escorrendo baba pelo canto da boca, um basbaque paulistano.

Que nuvens meu Deus do céu!

No entanto, o barulho do Bixiga é um inconveniente.

A sujeira também.

A bosta de cachorro também.

Mas deixa isso prá lá, vamos tapar o nariz e fechar os olhos e sentir o que há de bom! Tem a comida no Rancho Nordestino, a pimenta doce e a manteiga de garrafa, o jazz na escadaria, e o buteco da Dona Inês...

Homem de preto
Enviado por Homem de preto em 07/04/2023
Código do texto: T7757927
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.