( - A POESIA HOSTIL - )

Engana-se quem pensa que a Poesia é posse dos versos. Dela a Literatura não tem propriedade.

A poesia pertence à vida.

Às artes mágicas, à imaginação, à inquietude. A poesia pertence à doçura de um beijo. Ao fim de tarde, aos delicados desejos bem temperados.

É fruto também das destemperanças, dos infortúnios e das adivinhações. Das taras, dos conselhos de vó, do cuchicho dos bordéis e está até nas santidades!

A poesia é o sentido. É a vontade bruta. É sentir-se diante da vida. A dor do outro, o êxtase do outro. Talvez a poesia seja o outro. O outro que arranha nossa carne por dentro.

Meus caros, sem poesia a vida não faz sentido. E não existe poesia sem vida.

Viva mais. Viva sempre. E quem sabe lá no fim de nossa existência poderemos trocar nossas histórias e desdenhar com nossas carcaças velhas da última sentença?

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