A MORTE SEM MOTE

A morte sem mote

Hoje, mais uma vez me deparei com essa dor sem nome e sem sobrenome chamada morte que extravasa toda a minha alma deixando em frangalhos o meu pensar, fazendo uma confusão que mistura todos os sentir. Passei a olhar as várias mortes que nos rodeiam, os vários abortos sem causas aparentes e sem culpados; as tantas dores anônimas que viram estatísticas do acaso e do abandono do homem pelo homem, atropelando-se em busca de uma ilusão chamada felicidade perfeita.

Dói lá no fundo da alma reconhecer, em primeira instância, o grande responsável por essa falta de sabor de viver e, quando enxergo, me vejo no trono da minha própria derrocada já que não consegui lidar comigo mesmo entregando aos outros a grande tarefa de resolver e decidir em que preciso momento devo ou não chorar.

A morte em estágio inicial vai dilacerar o Ser; depois transformar-se-á em convulsões espasmódicas para em seguida abrandar pecados arrependidos se transformando em uma lembrança solitária de tantas fomes não saciadas e tantos sons não gritados.

O homem a todo instante assina sua sentença e morre um pouquinho a cada segundo, esquece de rir e chorar, nunca se prepara para momentos íntimos de fragilidade e o pior é ter que expor para o mundo o tamanho da sua ferida, aí ele veste os mais variados trajes fazendo da sua vida, que deveria ter sol sempre mesmo em dias turbulentos, um ultraje sem rigor de nada.