DEUS E O DIABO NA TERRA DA CONTRADIÇÃO

Em uma Terra tão, tão distante vivia um povo que dia sim, outro também, vivia de contradição, a primeira é que sempre se disseram bons e inoráveis cristãos, praticantes da boa moral e dos bons costumes, ávidos às tradições do cidadão de bem, tal e qual era na Idade Média, o que nos faz lembrar da santa inquisição, pois um duque daquela Terra queria assar um vigário pecador em espeto giratório.

Como o diabo é astuto e faz a panela, mas não a tampa, começou a tentar contra o tal duque, mas não conseguia desvirtuar o cidadão, certa feita o excomungado, senhor das trevas e príncipe das profundezas do inferno espetou com imponência seu tridente no coração bondoso e religioso do duque que era muito, muito cristão, para comoção e tristeza geral daquela Terra tão, tão distante o iluminado cidadão foi cortar lenha com o capeta.

E quanto ao sacerdote pecador? Este continua seu perverso ato de pastorear indicando o caminho das humanidades, tão rancoroso era que foi ele quem foi ao velório para realizar os cerimoniais fúnebres e a encomenda da alma de seu algoz a Deus, o crime do maléfico clérigo sempre foi defender os direitos dos camponeses, servos e marginalizados, e posicionar-se política e ideologicamente contra as ideias da grande maioria da nobreza daquela terra, como pode um religioso ser capaz de tamanha heresia?

Deus e o Diabo, duas figuras antagônicas na mente do povo, o contraditório é que estes mesmos nobres agora boicotam até a festa da santa, justificando que os padres e o clero daquela Terra são tudo “vermeio” e “vermeio” não é de Deus e por isso precisam limpar a Terra de nefastos religiosos (acho que esses barões, duques, marqueses, condes e coronéis não entenderam a cor litúrgica que representa o martírio).

As caras beatas? Tudo lindinhas, de cara limpa profetizam bênçãos, rezam, fazem novena, promessas, vão ao monte e clamam a todo instante por Deus, ou pelo Diabo, e o pior, o fazem sem se quer ficar com a cara “vermeia” proclamando-se donas da verdade e da razão, tais quais seus amados.

Na Terra tão, tão distante, o povo tem o discurso maravilho, mas a prática, meu amigo! A prática é excludente, homofóbica, hipócrita, racista, misógina e 100% contraditória.

Ilza Ribeiro Gonçalves

Rodrigo Raul da Silva