relato do dia 20/05

Queria compartilhar tudo isso com meu namorado, mas acho que ele ficaria sobrecarregado com os detalhes irrelevantes e aleatórios que são importantes para mim. Então, vou apenas escrever e fingir que estou contando a alguém.

Decidimos, eu e Babi, ir a São Paulo para comemorar o aniversário da Camis. Nos organizamos para conciliar todos os compromissos: o segundo encontro dela com o cara, minha palestra, horário do ônibus e a hora de chegarmos à festa. Além disso, conseguimos um ótimo hotel Ibis no Paraíso, a apenas dois minutos a pé do metrô. Foi engraçado convencer Babi a pegar o metrô, pois ela não queria e achava mais fácil usar o Uber. Mas expliquei que não fazia sentido gastar muito dinheiro quando poderíamos pegar a linha azul e chegar em vinte minutos.

Quando chegamos, ela concordou que eu estava certa e até comentou: "O Uber iria pensar que somos muito burras". O hotel era incrível, parecia que estávamos em um navio. Comentei isso com meu namorado e ele disse: "Sempre quis fazer um cruzeiro!".

Demoramos um tempo para nos arrumarmos de propósito, para não chegarmos muito cedo. Pegamos um Uber para Santa Cecília, no karaokê "Siga la Vaca". Enfrentamos uma fila enorme e até entramos na sala errada, pois havia várias salas e estava muito escuro. Mas quando nos encontramos, demos um abraço demorado em Camis e ela abriu nosso presente - o livro "Maze Runner", que eu sabia que ela estava ansiosa para ler.

Pedimos duas caipirinhas de limão, mas sinceramente não temos ideia em qual comanda colocamos, já que várias pessoas estavam na mesa. Acredito que alguém pagou por nós, então deixo aqui meus agradecimentos sinceros para essa pessoa. Não consegui terminar minha caipirinha, pois estava bebendo devagar para não ficar tonta, e Babi já tinha terminado a dela e começou a ficar meio louca.

Quando Tiago chegou, Camis o apresentou às pessoas que ele não conhecia. Quando chegou minha vez, ela disse: "Essa é a Elena". Ele riu e respondeu: "Ah! Oi Elena, prazer". Camis também riu muito e deu um tapa no ombro dele. A conexão que tenho com esses dois é inexplicável.

Lembrei-me especialmente do dia em que combinamos um churrasco na casa da Camilla e o porteiro não queria deixar meu namorado entrar. Meu namorado tinha bebido algo com o colega de apartamento e estava mais louco que o Batman, totalmente "zen" e rindo da situação. Tiago teve que implorar ao porteiro para deixar meu namorado entrar e ficou bravo com Camis, pois ela queria desistir. Tentamos fazer umas pizzas com massa integral (porque o Tiago comprou errado) e tomamos vinho também.

Voltando ao dia do aniversário de Camis, a amiga dela, Gi, que estuda Letras na USP, sentou ao meu lado e conversamos por um bom tempo. Ela me contou sobre um garoto e falamos sobre um japonês da mesa ao lado, porém, logo ele apareceu com uma namorada - foram cinco minutos de paixão para Gi.

Depois, Babi começou a dizer coisas engraçadas e Camis olhou para mim com uma expressão de "socorro". Tive que pedir um hambúrguer para ela (e para mim também). Perguntei qual ela queria e ela respondeu: "Um hambúrguer, qualquer um está bom". Quando me levantei para fazer o pedido, acabei assustando o cara que estava sentado em minha frente e ele derrubou minha caipirinha (graças a Deus, senão teríamos problemas para voltar ao hotel). Acabei pedindo um X-Salada mesmo.

Babi, já um pouco embriagada, comeu um pouco e esqueceu o lanche na mesa. Quando uns amigos de Camilla chegaram, um deles simplesmente pegou o lanche e comeu o resto. Babi, bêbada, ficou chateada e disse: "Elena, o cara roubou meu hambúrguer", e começou a rir muito. Depois de um tempo, ela se preocupou e disse: "Elena, ainda estou com fome, pede para o cara devolver meu hambúrguer". Ri muito e, obviamente, não pedi para o cara devolver o hambúrguer.

Quando fui colocar ketchup no meu hambúrguer, tive dificuldade para abrir e um japonês (não o namorado imaginário de cinco minutos da Gi) que estava na mesa tirou uma faca pequena do bolso da jaqueta e cortou para mim. Ele tinha uma espada gigante embaixo da mesa também. Babi riu muito quando contei isso a ela. Comentei com Camis que ela só tem amigos malucos.

No karaokê, muitas pessoas estavam cantando, pois o palco era dividido com as outras mesas. Um senhor, Seu Alcir, cantou umas seis músicas. Em uma delas, ele disse: "Jovens, que vocês com seus 71 anos voltem aqui e cantem como eu, nunca envelheçam", e todos aplaudiram e gritaram.

A gente subiu no palco para cantar "This is me" do Camp Rock e foi uma sensação hilária, porque a gente não estava nem aí para o tom ou para a afinação, só queríamos nos divertir. Babi se entregou de verdade, apontando o microfone para o público, mesmo que fossem apenas três pessoas perto do palco. Depois, começamos a cantar as músicas que outras pessoas subiam no palco e cantavam. Um cara com a voz parecida com a do Creed cantou perfeitamente bem. Foi incrível vê-lo cantar.

Mandei uma mensagem para meu namorado e, surpreendentemente, ele respondeu imediatamente (o que nunca acontece). Ele perguntou: "Tudo bem aí?" e em seguida disse: "Se forem de Uber, me manda a localização em tempo real. E não bebe muito kkkkk a Babi já tá louca, duas não dá kkkk". Respondi apenas com um "Você ia odiar aqui", e ele respondeu com "Muitos jovens?? kkkk". Ri e tirei uma foto do Seu Alcir cantando Despacito. Ele me mandou uma mensagem em letras maiúsculas: "QUE".

Na volta, decidi compartilhar minha localização com ele, já que era uma da manhã e Babi havia deitado em meu colo (depois de reclamar umas quinhentas vezes que estava com sede, me pedindo para roubar água de uma loja e até perguntando ao motorista do Uber se ele tinha água, dizendo "como você passa a noite sem água?"). Durante a viagem, eu e meu namorado ficamos conversando. Ele me contou que todos estavam bem em Minas e que o primo não largava do pé dele (nada fora do comum). Também expressou saudades várias vezes, dizendo que queria ter ido nos socorrer e nos levado para o hotel. Eu estava irritada com a Babi e comentei: "Não sabia que teria que lidar com uma criança do quarto ano, pensei que já tinha me demitido disso", e ele riu e respondeu: "Você é a mais madura desse rolê, meu amor. Te amo".

Ele ficou conversando comigo até chegarmos no hotel, mesmo estando claramente exausto. Foi um gesto fofo da parte dele. É bom lembrar dessas coisas, pois me fazem sentir um sorriso no coração. Às vezes, quando passamos muito tempo separados, acabo ficando um pouco chateada em relação ao nosso relacionamento. Parece que ele não se importa tanto comigo, ou algo assim. Apesar de entender que ambos tínhamos compromissos e precisávamos viajar naquele fim de semana, não somos adolescentes desocupados. Temos nossas responsabilidades também. No entanto, namoro à distância é realmente desafiador e exige uma grande estabilidade emocional (o que nem sempre tenho de sobra).

Elena Estrela
Enviado por Elena Estrela em 23/05/2023
Reeditado em 14/12/2023
Código do texto: T7795500
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