VINÍCIUS JR.

RACISMO NÃO!

Nelson Marzullo Tangerini

Diz a Biologia que todo ser vivo nasce, cresce, reproduz e morre. No caso dos seres humanos, todos terão o mesmo fim e tornar-se-ão um punhado de ossos sem valor algum. Nem mesmo os cães, chegados a um ossinho, vão querer algo tão sem graça.

Se os supremacistas brancos acham que terão um fim diferente, estão muito enganados, porque os ossos de humanos igualam todos os homens.

A agressão verbal sofrida por Vini Jr., num jogo do Campeonato Espanhol, deixou os mais humanos chocados. Porque sustentar a tese do racismo, em 2023, século 21, é algo totalmente fora da ordem mundial, é falta de humanidade e de cultura.

Por mais que veneremos os gregos, e que sejamos ainda influenciados por eles, não podemos mais adotar o conceito (grego) de que bárbaro é aquele que vive fora de nossas fronteiras. Portanto, nossos antiquados padrões civilizatórios precisam ser demolidos.

Lamentavelmente, ainda adotamos esse pensamento etnocêntrico, segregacionista, supremacista e pseudopatriota, de que os bárbaros são aqueles que vivem fora da Hélade, que não falam a nossa língua, que não comungam na mesma religião e que não dividem a mesma cultura.

Desde a chegada dos europeus nas Américas, espanhóis, portugueses e ingleses insistiam na cristianização dos índios. Pacificando-se os nativos, ficaria mais fácil roubar-lhes as terras e as riquezas.

Na época da ditadura, os antropólogos de farda adotaram a mesma ideologia dos descobridores e difundiram a ideia de que os índios eram incultos, “vândalos”, e que deveriam conhecer a civilização. Mas qual civilização? Porque sabemos que os índios vivem numa civilização diferente da nossa.

Se os ratos fascistas saem novamente dos esgotos, com sua cultura de ódio contra os que consideram “diferentes”, mais uma vez devemos insistir com a ideologia de que aquele que vive do outro lado de uma fronteira, que só existe na cabeça dos idiotas, não é nosso inimigo.

Quero falar unicamente de Vinicius Jr., sedimentando que ninguém tem o direito de se omitir neste momento em que o fascismo – com suas ramificações obsoletas – toma força avassaladora em todo o Planeta.

Omitir-se, portanto, é concordar com o supremacismo, como foi o caso de um cidadão espanhol, ligado ao esporte, que declarou que Vini Jr. estaria se fazendo de vítima. Se o espanhol em questão estivesse vivendo dentro de um corpo negro, saberia melhor o que é o racismo.

A imprensa esportiva brasileira, que se alimenta e mantém seus leitores e ouvintes com alienação, tirando o time de campo e não se importando em nenhum momento com o crescimento do fascismo, resolveu sair, tardiamente, em defensa de Vini Jr. Esses desfibrados jornalistas, sustentam, ainda, que os jogadores não devem se envolver com política, pensamento imposto, também, pelos empresários que os mantém.

Felizmente, esse tipo de pensamento não seduziu Nando Antunes, João Saldanha, Sócrates, Afonsinho e Casagrande.

Todos nós, jogadores, cronistas (escritores), poetas, cantores, leitores, professores, advogados, médicos, políticos, devemos abraçar esta causa, que é de todos nós.

A Espanha racista é a mesma que idolatra toureiros, torturadores e assassinos de touros, que não se envergonham de tirar a vida desses pobres seres em plena arena. Porque tourada não é cultura, é violência. Como o racismo é violência, também.

A Espanha culta deve, sim, ser cultuada: a Espanha de Cervantes, de Paco de Lucia, de El Greco (Doménikos Theotokópoulos - em grego: Δομήνικος Θεοτοκόπουλος), e de tantos outros que nos deixaram legados culturais de grande relevo.

Racismo nunca mais!

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 24/05/2023
Código do texto: T7796152
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