Falaram de Você.

Aí vão dizer: "ah, lidar com o ser humano é complicado", existe a má interpretação, a desonestidade, maldade e centenas de outras variantes que até tonteiam. Eles são loucos e querem que você enlouqueça também. Passam a maior parte de suas vidas delirando em um "sono dogmático", como dizia Kant, e ficam tagarelando palavras aos ventos como se a razão universal vos pertencessem. Soberbos e orgulhosos, se arrastam pelo planeta atacando e culpando todos que pensam diferente. Aliás, a diferença é latente e é o que nos faz humanos. Por isso a incongruência.

Passei trezentos anos tentando entender a raça e não consigo passar da primeira fase. Sartre passou mil anos tentando a mesma coisa, e Platão, Freud, Garcia Márquez, Nietzsche, dentre milhares de outros pensadores das dores humanas. Este último acabou se perdendo de vez e desistiu da raça. Um dia abraçou um cavalo em Turim e começou chorar. Depois disso sua sanidade foi posta em dúvida. Estava mais louco que todos os outros loucos do estratagema social. Dócil como um cãozinho mine poodle, que pode te arrancar um pedaço no momento em que você menos espera, Nietzsche se voltou contra a humanidade, Deus, diabo e o comportamento abestalhado da enorme massa de mortos-vivos. Uns dizem que a sífilis lhe acarretara manias de grandeza, tanto que em dado momento de sua densa obra, mata Deus e se intitula o super homem. Bom, mas deixa esse maluco pra lá. Sua filosofia é boa sim, desde que, como um medicamento, seja bem aplicada.

Falar das gentes é um dos temas mais interessantes e batidos de todo o transcorrer da história, tanto por seu lado antropológico, sociológico e através da fofoca também. Eles são aficionados pela boa e velha fofoca diária de ódio. Os senhores escorreitos se reúnem no ponto de encontro e "filosofam" sobre a vida alheia com tamanha razão que faz com que Descartes tenho brotoejas no inferno. As senhoras mexeriqueiras coçam a periquita e riem a cada detalhe trivial de alguém próximo. No geral são todos loucos, como dito alhures, mas lhes é impossível absorver isso, já que a linha entre sanidade e loucura é tênue.

Muitos ficam doentes com isso. Uns chegam ao ponto de se matarem. A fofoca quando alcança níveis alarmantes, por mais que tenha um fundo de verdade, pode levar um cidadão ao suicídio ou ao sanatório. Algumas cortam como navalha. Bukowski, pelo que se sabe, não era um fofoqueiro contumaz, mas escrevia, e o ato da escrita em forma de crônica ou literatura pode deprimir um suposto personagem inspirado na vida real, no caso da literatura. Bukowski matou indiretamente um cara usando essa ferramenta. Não que tivesse a intenção de matar o pobre sujeito, que em dado momento de suas vidas foram até amigos, mas o golpe aplicado na escrita foi letal.

Não se preocupe, isso não vai acabar. Falar sobre a vida alheia faz parte da natureza humana. Está arraigada em seu código genético. Se um dia fofocarem sobre você, sorria. Se essa fofoca te ofender o âmago, processe judicialmente, isto é, caso você saiba a origem do imbróglio. Do contrário, esqueça. No final eles esquecem também. Mas também não se esqueça de se insurgir. A indignação diante uma injustiça é crucial para se defender de atos externos.

Não era sobre isso que eu queria falar, mas agora já foi. Amanhã dou um jeito de lembrar sobre o que era mesmo o que queria dizer... Ah, lembrei! A Célia pegou o marido com a cozinheira da Fazenda! Foi um quebra pau generalizado. Até o cachorro entrou nas mordidas. Que cara canalha!

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 27/05/2023
Reeditado em 27/05/2023
Código do texto: T7798477
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