BIBLIOTECAS

Ainda bem que a história é cíclica o que nos leva a pensar que, algum dia lá longe, no futuro, as bibliotecas terão novamente a importância que tiveram antes do advento das comunicações instantâneas, superficiais, cheias de informações, mas carentes de profundidade e, principalmente sem o contraponto dos diversos teóricos.

Aquelas senhoras, as Bibliotecárias, sisudas, austeras, de poucas e quase inaudíveis palavras, voltarão aos dias de glória de antanho quando, com paciência de Jó, indicava aos adolescentes (eu no meio deles) os autores cujas didáticas seriam mais facilmente entendidos e as suas ideias reproduzidas em nossos vocabulários incipientes.

Os trabalhos escritos à mão nos jurássicos “papel almaço”, cujas quatro folhas pautadas deveriam ser preenchidas, claro que tudo dependia da extensão do assunto, mas a primeira página estava sempre destinada à identificação do aluno, da matéria, nome do professor, data, alguma gravura ou qualquer coisa capaz de evitar que escrevêssemos nela, porque a preguiça, cozida em banho maria, era maior do que qualquer entusiasmo pela matéria sobre a qual podíamos falar horas seguidas, mas na hora de pôr o conhecimento no papel, a coisa enroscava.

Eu ainda costumo visitar bibliotecas por acha-las fascinantes.

Não mais em busca de livros textos nem faço a antiga algazarra, mesmo porque, os meus companheiros adolescentes ou já morreram ou estão tão velhos quanto eu e, em seus saudosismos com os quais não compactuo, só têm histórias antigas, coleções de receituários médicos, problemas familiares, de falta de dinheiro e comentar os desmandos dos criminosos da política nacional ou estrangeira.

Nessas visitas procuro livros interessantes sobre qualquer assunto, sem autores favoritos, apenas livros que nos deem o prazer da leitura de um livro físico, palpável, com cheiro de livro.

Poderia compra-los, mas considero abusivo o preço que cobram pelos livros que depois de lidos, se valer a pena passar do segundo capítulo, servirão apenas para ocupar espaço na estante e para acumular poeira e também, porque a atual qualidade literária está decadente, como a ABL que tem a obrigação cultuar e propagar o vernáculo, mas admite camumbembes entre os seus “imortais”.

ABL = Academia Brasileira de Letras