Minh'alma grita, ninguém escuta

Minh'alma está inquieta, alucinada, sensível. Uma nuvem melancólica me cobre a cabeça e todo o corpo e me deixa quase sem poder respirar. Talvez um grito ecoe o tudo que estou sentindo, mas não cura a minha dor e a minha frustração. Um desabafo está entalado na minha garganta e, por mais que busque me desvencilhar, me sufoca, me tira o ar e vai, aos poucos, me matando.

Ninguém ao meu redor consegue notar o que estou sentindo. O meu desespero em poder soltar a voz e gritar, mas, o grito está ecoando dentro de mim e não se externa. Estou prevendo um fim triste, indigno para quem lutou incansável e bravamente.

Mas o poeta que faz a mágica e tira o coelho da cartola não desiste nunca. Encontra forças, sabe-se lá de onde, mas acha uma maneira de se comunicar sem gritar. Os olhos do poeta se enchem de lágrimas e, em um segundo, banha sua dor e sua alma, e, num instante mágico, transforma o que antes era impossível, numa realidade de sonhos, fantasias e desejos.

Agora com todos os olhos fitando o poeta, o furor se acalma e toda aquela angústia vai se desfazendo. A alma volta à sua origem e resgata todo sentimento que estava perdido, desmotivado. O poeta ganha sobrevida, coloca frente a frente seu passado, presente e futuro e tudo o mais que não faz sentido para que tenha significado e vida com abundância.

Que sua vida possa ter um caminho, uma verdade, uma razão, um amor e que todos esses ingredientes se formem uma unidade e lhe alimente todos os dias, fortaleça, estimule seu desejo real, e lhe faça mais feliz.

Que seu grito seja a voz daqueles que vivem no anonimato, esquecidos, oprimidos, perdidos, famintos por sonhos impossíveis, que necessitam de paz, e que o Universo lhe retribua cada sorriso que um gesto seu causou.

Que esse desabafo seja ouvido em todos os cantos, por todos os amantes e apaixonados e que, mesmo em momentos de tanta melancolia, solidão e de desesperança, busque lá no fundo de seu coração uma razão e um sentido: o amor e ame como se nunca houvesse amado e permita que o amor lhe ame, mesmo sem nunca tê-lo amado.