Postpunk

Não há mais tempo nem espaço –

Quem quer viver para sempre? (Você?)

Não há mais ilusões – uma realidade decadente se instalou entre nós...

Não há mais Esperanças –

Aznavour poderia até trazer seus Deux Guitarres – com toda a frenesi da canção, mas seria debalde (embora o Fim do Mundo apele por uma Senhora Canção Feliz!)

Não há mais quem faça aquela oração de efeito* – a ser dita a quem de direito.

Não há mais – há, por certo, MENOS. No entanto, há o que sobra: ruínas de um Velho Conhecido Mundo em (DES)construção (Derrida, nada a ver com a TUA DESCONSTRUÇÃO, ok?)

Não há mais espaço para nós. É sabido que é sábado (o famigerado "7º Dia"), mas nada além disso.

Minhas reclamações são antigas. Meu desconforto é antigo. Não me acho. Não me encaixo. Só em meu mundo. (E quantas vezes eu não tive de rir para conter um pouco as lágrimas que corriam por dentro? E quando chorei foi porque não tinha mais como suportar.)

Houve uma época em que eu conseguia suportar melhor o peso do mundo.

Eu suporto bem o peso de MEU mundo.

Há que se calar (– mesmo na alma, Senhor Wittgenstein?) sobre o que não se pode falar.

Eu sou o mais PUNK dos não punks e o mais gótico dos não góticos. Com efeito, eu sou alguém tentando ser alguém...

Nota

"Eu te entendo". Me refiro a ela como oração no sentido lato: tanto gramatical (enunciado em torno de um verbo) quanto religioso. Embora disfarçada de súplica, toda oração religiosa é algo decorado, préte-a-porter. Logo, dispensemos esses trajes tão vulgares.