Concurso Público: mais uma vítima de quem?

Concurso Público: mais uma vítima de quem?

O Brasil, país do futebol, faz jus ao aposto. Neste país tem sempre um brasileiro querendo driblar algo ou alguém.

O momento em que vive o país é de reajuste na democracia, e um dos reajustes que esse processo trouxe foi tornar público e democrático a entrada na coisa pública. O ingresso na coisa pública é através de concurso, mas nos últimos anos o que se tem visto é a polícia intervindo em grandes concursos: alegando vazamento de gabarito.

No momento em que o país pode receber a mão de obra mais culta e letrada do país dentro dos órgãos públicos, vê-se pessoas de má índole burlando um processo que custou sangue de gerações passadas.

Ser inteligente aqui é ser inteligente duas vezes: é estudar o máximo que puder, não tentando se superar ou vencer o percentual proposto pela empresa organizadora do evento, mas lutar para fechar a prova e vencer aquele que já está com o gabarito.

Na verdade não só em concursos este país enfrenta problemas e fraudes. Aqui não se sabe quem contamina quem. Neste país não se sabe quem deve ser punido? O topo ou a base da pirâmide social? Quem organiza ou quem faz? Quem vende ou quem compra? Quem serve ou quem é servido? O ladrão ou o receptor?

O que se nota nesta nação é que a contaminação do topo da pirâmide social se dá na sua maioria pela base. É interessante se olhar alguns itens principalmente aqui, no Brasil: A música erudita nunca conseguiu chegar com força na base da pirâmide social, em oposição estilos afros, sertanejos e outros com mínimo de letra estão sempre dominando a base da pirâmide e até assediando o topo. Aqui estádios de futebol são monumentais e estão sempre cheios, do outro lado, bibliotecas são raridades até em grandes centros.

Deve-se olhar que o político só compra o voto se houver quem o venda.

As situações citadas não diferem nos concursos públicos, a grande massa mal-letrada tenta de qualquer forma ingressar em um cargo público, e usa meios que a própria base denuncia: quem já não ouviu alguém dizer que não fará tal concurso porque não acredita na honestidade de quem está organizando. Assim tem-se uma realidade composta por pessoas que não tiveram audácia de abrir o livro, mas que têm em driblar aqueles que abriram. Pessoas que sabem que nada acontecerá a elas, pois são povão e por serem povão não são eles os culpados.

Por Isaac Sabino