Histórias cotidianas act.1

De forma acanhada de quem vem pelas beiras e se aproxima com uma pseudo-timidez inicial, Chagas chega até mim para contar histórias de emocionar e até rir. Me falou da história cômica que aconteceu em sua manhã, entre ele, sua esposa e sua neta. Chagas estava a comentar que para terminar a obra da casa, o chefe de obra mencionou que faltavam 30 tijolos, mas a sua esposa, dona Maria, não sabia disso. Então, os dois entraram na velha e diária discussão corriqueira sobre inúmeros problemas, assim como uma tempestade que carrega tudo ao redor sem área central e objetivo e os dois já discutiam sobre qual time deveria ter ganho na libertadores do ano passado, sobre o mundial do Palmeiras (que é inexistente), sobre o preço do pão e até mesmo da vida do Paulo que falou de Pedro mas que se sente Pietro e que vê como Tomaz. No fim, em meio a toda discussão a neta de Chagas parou a conversa pedindo para eles pararem de brigas, ela dizia que a Vó é uma senhorinha, apesar de não ser, e que devido a isso deviam parar de brigar. Simultaneamente, dona Maria olhou para a neta com os olhos quase em luxação, pois foi chamada de velha, enquanto Chagas ficava sem ar de rir e sua neta também. Assim, dona Maria saiu ofendida, estressada, sem palavras e sua forma de resposta foi sua retirada brusca a tal ponto que não acreditou que sua neta de 4 anos de idade tenha falado isso. Chagas me contou essa história, para alguns pode não ter um sentido cômico, ou até mesmo dotada de riso. Mas, imagine Chagas é seu pai, ou seu avô, que lhe conta uma história como se fosse única para falar de seu dia e você escuta ele não pelo motivo dele ser teu pai, mas por você amá-lo.

Um homem que nunca chorou diante as adversidades pode ser um homem muito forte, que é um próprio pilar, ou até mesmo um ser com muita dor.