Haveria arrependimento se a guerra estivesse ganha?

Um homem tinha uma amizade como uma mulher e ela tinha com ele. Havia uma tensão sexual envolvida, uma tensão não dita, e como quase todas as tensões, quente como a guerra-fria. Em algum momento esta mulher ficou disponível e se insinuou para este homem, porém ele achando estar sexualizando um simples ato de generosidade e afeição, deu de ombros; bem da verdade ele estava indisponível emocionalmente e talvez não quisesse ver o que todo mundo viu, menos ele.

Tempos depois essa mulher ficou disponível novamente, e desta vez este homem não perdeu tempo, lançou mão de seu arsenal. Contudo, foi afoito demais, não respeitou o luto inerente a todo cisma. Ela levantou a bandeira branca da paz, a amizade entre as nações que já não tensionam entre si, o que um dia já existiu, não existe mais. Vendo que havia se precipitado, até mesmo desrespeitoso, pediu desculpas formais, prontamente aceitas. Não havia mais uma guerra para lutar.

Outro homem, ou esse mesmo homem, talvez os dois, se apaixonaram por uma mulher eternamente indisponível, embora sua emoção às vezes caminhasse para o palco da guerra. Ataques foram feitos, incursões foram tentadas, bombas foram lançadas. Perdeu todas as batalhas, ainda sim em alguns momentos parecia que iria conseguir a rendição. Ataques foram feitos, incursões foram tentadas, bombas foram lançadas; mas havia um “Grão Vizir”. Mais que o sabor amargo de uma guerra perdida, o remorso duma guerra que não deveria ser lutada.

As cicatrizes ficaram na terra devastada. Os pensamentos voltaram ao lugar. Desculpas foram pedidas, prontamente aceitas. Não havia mais guerra para lutar. Desertou. Outras tantas desculpas nunca poderão ser pedidas, não há neutralidade na derrama do sangue. Sangrou e derramou sangue.

Todas as desculpas aceitas. Todos os danos assimilados. Mas um pensamento insistente corrói como verme este e aquele homem, talvez sejam o mesmo:

- Haveria arrependimento se a guerra estivesse ganha?