SOBRE AS SACOLINHAS DOS SUPERMERCADOS

Ultimamente, muito se tem discutido sobre a utilização das tais sacolinhas plásticas, utilizadas por supermercados e lojas de varejos diversas. Até que ponto elas contribuem para a poluição do planeta é exaustivamente questionado. O uso dessas sacolas plásticas está diretamente vinculado ao consumo exacerbado na modernidade. Se considerarmos que a simples diminuição do uso dessas sacolinhas pode contribuir na guerra contra a poluição do meio ambiente, é necessário também estabelecer limites para as mais diversas formas de embalagens dos mais variados produtos consumidos no dia a dia, tais como alimentos industrializados, produtos de limpeza e higiene, entre outros, compostos de inúmeros materiais poluentes e nocivos ao planeta no qual habitamos, como isopor, papel, cobres, vidro e alumínio.

Na verdade, eu fiz esse preâmbulo todo para falar especificamente das famigeradas sacolinhas de plástico de supermercados e outros conexos. As famosas embalagens estão nos lares de milhões de consumidores desse país exercendo um fascínio indescritível em cada cidadão, embora muitas dessas sacolas são deixadas à sorte a um canto qualquer. Todavia, é curioso notar como algumas pessoas tratam essas embalagens com muito carinho e, posso até listar aqui as mais variadas formas de apreço, partindo desde receitas na internet que ensinam como dobrar e até acondicionar cada uma delas para usar, sabe lá quando ou onde lá.

A coisa tomou uma dimensão sem precedentes, até criaram e desenvolveram engenhocas para acondicionar essas pragas, dentre os quais estão o uso de um saco de pano, tal qual aquele que a vovó guardava os pães, também chamados de puxa-saco; embalagem plástica de sorvete com um orifício na tampa, inspirado na embalagem de lenço de papel; cilindro confeccionado em um tubo de PVC lembrando os tubos utilizados pelos mágicos, de onde eles puxam coloridos lenços de seda; caixa de papelão de camisa social, onde as garbosas sacolinhas são caprichosamente dobradas; sacolinhas dobradinhas dentro do sacão, e outros aparatos que devem existir por ai sem que eu tenha conhecimento.

Fiquei sabendo que, a sogra de um amigo meu, sim, estou falando da sogra de um amigo meu, faz coleção dessas sacolinhas. Na casa dela tem uma parte no armário da área de serviço onde essas coisinhas são separadas e catalogadas por tamanho, ordem alfabética, cor. Segundo ela, um dia quem sabe, serão úteis. E aí daquele que tirar uma delas da sequência. Tem sacolinhas para muitas gerações.

Minha mulher tem muitas formas para dobrar essas malditas sacolinhas, mas nunca dobrou uma sequer, porém, tem palpites de encher a minha sacolinha. Já o cara aqui, de tanto dobrar sacolinhas, pegou o jeitão da coisa e até desenvolveu técnicas para fazer o serviço. Estou pensando em prestar assessoria para a modalidade, conforme aprendi: pegue a sacolinha, tira o amarrotado, se preciso, estique-a, segure uma das pontas e, com a outra mão, passe firmemente sobre ela (a sacolinha), deixe-a lisa, como se passa uma peça de roupa. Depois, no sentido da boca para o fundo, ou do fundo para a boca, dobre-a em três fazendo um vinco, em seguida dobre ao meio novamente, force para fazer mais um vinco.

Preste atenção, se você não fizer o vinco cuidadosamente ela não obedecerá a manipulação e voltará ao formato original, essas porras de sacolinhas têm vida própria, não se rendem facilmente. Uma vez bem vincadas, coloque pacientemente uma a uma dentro de um saco. Quando você perceber que já encheu o saco, literalmente, é hora de parar.

Se você não entendeu as instruções, deixa pra lá, livre-se das sacolas que tem em sua casa descartando-as na reciclagem e, na próxima vez que for às compras, leve uma sacola de pano. Com certeza estará colaborando com a natureza e manterá o saco (o seu e o do supermercado) no devido lugar.

Samuel De Leonardo (Tute)
Enviado por Samuel De Leonardo (Tute) em 18/08/2023
Reeditado em 18/08/2023
Código do texto: T7864199
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