1180-A BALELA DA MELHOR IDADE

A Balela da melhor idade

Criou-se, oficializou-se e hoje é uma verdadeira instituição o mito, a balela, a enganação da “Melhor Idade”.

Até pouco tempo atrás (na década de 2000 a 2010), quem ultrapassasse os sessenta anos já entraria na idade áurea da Melhor Idade. A partir de meados da década 2010/2020 a margem foi aleatoriamente aumentando e hoje, em 2023, fala-se que a melhor idade realmente começa aos 65 anos.

Jogada de Marketing, interesses dos órgãos de aposenta- doria, de laboratórios, da medicina em geral entram na composi-ção para a criação deste mito.

Para os pobres e miseráveis (grande parte das populações da maioria dos países) não faz nenhuma diferença esta questão. A Classe média, os trabalhadores, a população que realmente leva o mundo prá frente, são as vítimas desse engodo.

Todas as pessoas de bom senso sabem que a velhice é uma época de finalização da vida física, de decadência, de aproximação da morte. Não é preciso ser médico, cientista, terapeuta de qualquer tipo, para saber disto.

Para os miseráveis, os pobres, os famintos, a vida, que já é ruim, vai ficando cada vez pior, com o agravamento das situações adversas: a fraqueza geral, as doenças que se tornam incuráveis, a queda da energia pessoal e perda da vontade (consciente ou inconsciente) de viver.

A alegria de alguns poucos centenários é mais para efeito moral, para a TV ou para as “redes”, pois que na solidão de suas vidas são acometidos de achaques, dores e mazelas que acompanham todos os idosos, sem distinção.

O envelhecimento não tem data marcada para começar. Todos nós sabemos disso. Depende do modo de viver de cada um. Até os mais conscientes na conservação de uma vida saudável, usando métodos de alimentação, conduta de vida e outros fatores que podem prolongar a saúde, o fato é que envelhecemos, sim.

E a velhice não é, de forma nenhuma, um a situação de bem estar nem de conforto, nem de gozo da vida. Pelo contrário: a pele enfraquece ante os raios solares, ultra-violetas e outros fatores, sujeitando-se a queimaduras, manchas, anomalias que podem levar ao câncer. Os cabelos caem, as unhas são alvos de fungos, a visão é atacada por catarata, diminui a acuidade visual e por ai vai . Zumbido nos ouvidos, enfraquecimento da audição e surdez, são comuns nos idosos.

Internamente, para os órgãos e todos os aparelhos, velhice é um arraso. Aparelho circulatório: as artérias começam a se entupir, coração enfraquece: fígado adquire gordura ( se não tiver sido castigado pelo consumo de álcool). Pulmões prejudicados pela nicotina e pela péssima qualidade do ar que respiramos diariamente. Parkinson, câncer...

Estou falando de problemas de saúde que acontecem com todo mundo, inclusive pessoas de 30, 40, 50 anos, mas que nos idosos se agravam, e se tornam incuráveis, e , é obvio, acabam com a qualidade de vida dos macróbios, de todos eles, sem exceção .

E nem vou entrar no aspecto das situações psicológicas, que os idosos relutam em admitir, levando-os a situações de com-pleta infelicidade.

Os laboratórios investem cada vez mais na clientela dos idosos, os da melhor idade, mercado em crescimento, não para a cura, mas para a continuação de situações de sofrimento físico e até espiritual.

Os sistemas de aposentadoria elevam cada vez mais a idade mínima para os trabalhadores ingressarem na classe da melhor idade. Quando se aposentam, entram em transtornos psíquicos, como a depressão, , pois estão numa idade de difícil adaptação á nova condição.

Isso tudo (e muito mais coisas que deixo para outros considerarem), acontece no que hoje é considerado a MELHOR IDADE.

Será?

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 27 de março de 3023

Cronica - Classificada como conto # 1180

Da SERIE INFINITAS HISTÓRIAS.

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 21/08/2023
Código do texto: T7866738
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