Uma Realidade Fora De Si

Eric do Vale

Não pude me conter, quando vi esta frase: "Se quiser ser comunista, estude, pois para ser um fascista, basta ser ignorante e se orgulhar da própria estupidez.". Isso permitiu com que eu me lembrasse de duas coisas: a primeira diz respeito a um trecho daquela música dos Engenheiros do Hawai na qual afirma-se que o fascismo é fascinanete e deixa gente ignorante fascinada. O atual momento pelo qual o país atravessa corresponde a essa alegação.

Discursos nacionalistas embasados na boa moral e bons costumes trazem, intrinsecamente, um conjunto de pensamentos pautado no ódio e intolerância ao próximo. Algo não muito diferente, em outros tempos, quando o mundo, sacudido pelo colapso econômico, originou figuras como Hitler, Mussolini, Franco e Salazar cujas ideologias além de arrebatarem simpatizantes, permitiram com que muitos políticos, ainda hoje, bebessem nessa mesma fonte e, posteriormente, elaborassem as suas convicções.

Em meio a esse quadro, invoco, novamente um trecho dessa mesma canção dos Engenheiros do Hawai: "É tão fácil ir adiante e se esquecer que a coisa toda tá errada."

Outra lembrança que me veio em mente, quando li essa frase, foi a minha adolescência: nessa época, por volta dos meus quinze para dezesseis anos, desenvolvi um pensamento crítico perante a sociedade, devido às aulas

de História e Geografia.

Esse senso crítico desenvolvido por mim, nessa época, fizeram com que eu, imediatamente, recebesse a pecha de comunista.

Jamais encarei isso como insulto, embora parecesse estranho ser chamado de comunista, no momento em que esse tipo de ideologia já havia entrado em extinção, após a queda do Muro de Berlim.

Chegar a ser inadmissível que alguém seja rotulado de esquerdista pelo simples fato de pensar diferente e acreditar que o nosso país seja cumpridor de tudo aquilo o que prevê a nossa Constituição Federal.

Insisto nessa tese, tomando como base o artigo 3° da nossa Carta Magna: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Diante disso, faço a seguinte indagação: isso é motivo para que pessoas as quais comungam desse tipo de pensamento sejam taxadas de comunistas, uma vez que se vive em uma sociedade Pós-Guerra Fria? Se a resposta for sim, pergunto: o que é isso, companheiro?