Por que envelhecer é uma dádiva?

Por que envelhecer é uma dádiva?

Como mulher, haverá controvérsias. Mas como ser humano, não haverá outro caminho e sendo assim, escolhi olhar o horizonte enquanto sigo...

Na atual face das coisas, onde as ciências se esforçam para retardar o ato de envelhecer e o mundo tecnológico, vende imagem, será cada vez mais comum ignorar o fato de como podemos ficar velhos ou escolher como será esse processo.

Cheguei a meia idade parecendo ser mais nova, não fiz nenhum procedimento estético, sim - Minha genética me favorece nesse ponto. Mas dentro de mim, a verdadeira idade chega, através da saúde, da consciência, na essência.

Não sou contra quem procura enganar a velhice, talvez um dia me sucumbe a isso, mas me pergunto em como quero estar quando a pele não ser mais viçosa, os cabelos mudarem de cor insistentemente e o corpo perecer sem meu aval.

Me questiono em como vou ser uma alma velha, vivida, com muita história pra contar e muitas marcas evidentes para todos verem e julgar.

Até agora, aprendi que a vaidade dói e reclama, que a personalidade não vive perene, o corpo sofre por todas as dores da forma que permitimos ou não. Percebi que envelhecer é ver o corpo entregar as chaves de todos os mistérios para a alma e assim, sentir a vida diferente.

Vejo corpos de 30 em uma mente que não resiste aos seus 50 anos e isso é incrível. Porém meu medo é ver a imagem ter mais valor a ser presente, do que o espírito que habita essa imagem. Haja briga para sustentar a imagem que se espera.

Apenas aceitei meu âmago. Escolhi aceitar com mais paciência o fato de um dia não ser mais reconhecida pela beleza fresca. Estou levando esse valor para outras referências de mim, como o que penso e realmente sou pelo o que ninguém pode ver tão forçadamente.

A beleza vai me acompanhar em algo que não envelhece como o sorriso. Vai estar em como cuido de mim, em como transfiro valores e permuto quem sou em cada fase inevitável de tempo.

Repito, é poder, ter recursos que ajudam a manter por mais tempo a juventude a favor, tê-la ainda fresca, tenra e até invejável. O que me incomoda é essa suma importância do físico sem equilíbrio do estado interno.

A beleza interna é imortal? Ela sequer é padrão mas é única. Se sentir jovem vale mais que se ver velho? Conservar o espírito sobre o corpo é salvar-se do tempo? Idolatrar a imagem engana a mente do seu verdadeiro propósito?

Fomos feitos para viver cada Era como nova. Da infância para adoleacência, dessa para jovens e dessa para a maturidade e velhice. O que há de errado em nos ver e sentir envelhecer?

Há a sociedade e padrões.

Existe a sua verdade e ela é a essência. Existe outras coisas para se cuidar tanto quanto a vaidade sobre números. Tem o respeito pela história de vida que nos pertence. Tem o que se mostrar mais ao mundo do que um retrato na parede poderá eternizar.

Ficar velho é divino. É o tipo de conexão com a vida que nos faz respeitar cada fase como foi. É ter uma penugem que demonstra por quantas guerras lidamos, por quantos horizontes chegamos. O divino não é santo porque é belo, mas porque é sagrado.