Aromas

Aromas

Era sexta-feira, primeira semana do ano, a chuva caindo, ininterruptamente, aquela que minha avó chamava de “chuva mole”.

É sempre assim, todo janeiro!

Vencidas as calçadas com seus buracos e poças d’água, puladas todas as enxurradas para conseguir atravessar a rua e chegar no meu trabalho, adentro ao estabelecimento, enxugo meus pés e me posicionando em minha mesa de frente ao meu computador, inicio minhas atividades, observando ora ou outra o movimento da rua.

Observo carros passando sem o menor cuidado e esguichando água nos pedestres…

Pessoas passando apressadas, outros entediados em filas de banco, alguns passando sem pressa, como se estivessem apenas curtindo passear na chuva.

Mas o que mais me chama a atenção são os cheiros…

Aromas de todos os tipos que são lançados ao ar, exalando de cada um particularmente, até mesmo o cheiro da chuva e de fumaça dos escapamentos dos carros! Perfumes de todos os tipos, de cheiro forte de fumo dos senhores da roça que estão em visita à cidade, variando com odores de colônias, perfumes, shampoo de mulheres que saem com os cabelos úmidos ao vento, até mesmo cheiro de suor da roupa de senhorinhas que vestiram a mesma roupa, talvez a semana toda, porque está chovendo muito e não vale a pena ficar lavando roupa sem sol!

O mais interessante de tudo é que os carros passam, as pessoas passam e os cheiros ficam como um rastro de identidade no ar, identificando cada um, mesmo após virarem a esquina e se perderem na multidão.

Todos esses cheiros individuais, se misturam num todo logo em seguida e o cheiro da chuva misturado a cada um desses odores particulares se dissolve no ar e marca o aroma do centro da cidade…

E assim começa mais um ano!

Guaxupe 15.02.22

1000ton

Milton Furquim
Enviado por Milton Furquim em 11/09/2023
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