Trai(dores)

Sabe, eu me recuso a fazer mal juízo das pessoas e também a fazer mal à elas. Até porque o bem se escolhe, praticar ou não, sem esperar consideração. E o mal que se planta, sendo uma erva daninha, depois você colhe, querendo ou não. Então cada um irá colher exatamente o que plantou, sem que precisemos revidar as ofensas ou a maldade. Acontece é que sou muito intuitiva, e por várias vezes calei essa voz oculta dentro de mim, fazia tudo exatamente ao contrário à instrução que me era dada, acabava sempre quebrando a cara. De uns tempos pra cá presto mais atenção a esses sinais, tão sensoriais, mais conhecido como o sexto sentido ou sentido oculto. E quando vem, fica latejando até que eu possa dar atenção ou considerar. Acho que já me meti em apuros suficientes para questionar a intuição, hoje caminho mais segura segurando firme essa mão amiga, transito em suas vias, que antes eu não via. Não significa que fiquei blindada dos infortúnios da vida, que aliás, continuam acontecendo numa frequência tão maior que chego a pensar se o universo não está contra mim. É que são dias sombrios e difíceis para todos. Mudanças bruscas trazem consigo adversidades de brinde, porque não tem sobrado tempo para o aprendizado nessa frenética velocidade tecnológica. São muitas mudanças acontecendo simultaneamente em nosso entorno, sem contar as que ocorrem internamente. E tudo vai se tornando obsoleto... rápido demais... inclusive pessoas e sentimentos. Se não estivermos atentos, ficamos para trás, caímos no mar do esquecimento, como descartáveis da era "fast food ". Às vezes isso parte de pessoas bem próximas de nós, do nosso convívio social e familiar. E fazem isso por questão de conveniência, uma vez que já não temos mais utilidade para elas. Vejo as pessoas usando a palavra GRATIDÃO como se fosse tendência de moda: nas camisas, nos sapatos, chinelos, nas hashtags, nos adesivos de carro, nas redes sociais (nem se fala...) e outros mais... só não vejo na prática. A ingratidão é o que permeia, ainda que ninguém admita. E os esquecidos que mencionei lá em cima no texto?...pois é... já colheram ingratidão; então vejo que a maioria diz ser o que não são, querem às vezes ser o que o outro é, se comparam o tempo inteiro, imitam terceiros, disputam entre si, querem ter mais razão do que sensatez, e querendo ser a bola da vez... fazem de tudo para chamar atenção, enquanto não prestam atenção em suas próprias vidas, a maioria está no comboio e seguem à deriva, não valorizam nada... e por isso sempre caem em contradição.

Dizem amar o inverno mas reclamam que está frio demais. Amam a Primavera, porém reclamam que o pólen das flores ataca suas alergias. Dizem amar as flores mas após passada a data comemorativa, as deixam secar em buquês que sequer ganharam vasos. Reclamam dos perfumes florais, reclamam do Natal, do verão que esquenta demais... e outras coisas mais... nada parece estar totalmente ajustado aos seus ideais. E de tanto idealizarem e não aceitarem o real, todos estão adoecidos da alma e do coração, colecionando frustrações. E é por isso que eu não acredito nas palavras. Tornei -me um verdadeiro Tomé por conta da ocasião em que vivemos: "tenho que ver pra crer"...( e às vezes vendo, perde -se a crença de vez...) palavras não me convencem mais... e isso só é possível através das ações. E nesse quesito, muitos acabam reprovados. Não acredito também quando dizes que me ama. Nem aceito teu beijo de Judas. Não se esqueça que Tomé presenciou o ato da traição, e portanto, algumas situações não surpreendem mais.

Fênix Arte
Enviado por Fênix Arte em 12/09/2023
Reeditado em 12/09/2023
Código do texto: T7883991
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