Amor egoístico.
É estranho o que vou dizer, talvez para alguns até pareça algo desconexo ou sem razão de ser, mas é que vejo cenas de amor que às vezes me faz desacreditar no ser humano, Embora seja justamente por ser ele humano, que age desta forma.
É que por amor agem, ou dizem agir, muito embora, talvez seja um amor onde o ser amado, caso pudesse escolher, preferisse tão amado não ser.
Me vi, e não gostei do que vi, ao me colocar no lugar do que em um leito estava, de olhos fixos no teto, sem reações que demonstrasse o que de seus sentimentos se deveria entender.
Vi também, que recebia todo amor que poderia comportar, só não sei se era essa a forma de amor que desejava receber.
Os cuidados eram diários, e nada lhes deixavam faltar, embora lhe faltasse, o não poder se expressar e pedir ao amado, realmente o que desejaria receber.
Liberdade diria. Deixe-me ir, suplicaria.
Liberdade para se desprender e partir sem dor, sem sofrer.
Mas o que cuida, muitas vezes não tem coragem, de ao alto pedir o que seja melhor a quem no leito está.
É que caso Deus o escute, poderá atender o pedido dando o alívio ao que sofre, alívio esse, que o fará sofrer, pois se Deus resolver ao outro socorrer de forma a seu sofrimento interromper, só ficaremos, é isso, imaginamos que só ficaremos.
A verdade é que não se quer sofrer, por isso se pede sempre, para que o outro ao nosso lado possa permanecer.
Só que, pra não sofrermos a dor que daria liberdade de sofrimento ao outro, negligenciamos o desejo de quem pede a Deus intimamente que venha lhe socorrer.
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Às vezes somos tão egoístas, que pedimos a Deus pelo outro, sem pensar nele, em sua dor, ou seu sofrimento, e pedimos por eles de forma que não soframos a dor da perda, caso o afeto descanse e pare de sofrer.
E se digo isso, é porque se realmente os amássemos, se realmente lhes desejássemos o melhor, pediríamos a Deus por eles, mas não dá forma que pedimos, porque pedir pelo outro não e dar a Deus a lista do que julgamos ser necessário, é pedir a Deus que faça o melhor ao outro, mesmo que esse melhor dele nos separe.
Amar o próximo, e nos desprendemos do amor egoístico que nos faz manter o outro, encarcerado em um corpo doente, sem lhe perguntar se é essa sua vontade.
Mas não se culpe, caso egoisticamente assim ame, porque todos temos em nós por um momento, essa toxicidade em amar.