THE END

Muito tempo antes de pensar sobre a finitude, palavra que a sabedoria popular disseca na frase “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe” eu já sabia que o fim encerra tudo. Como dizem os italianos: punto e basta.

Foi uma descoberta feita lá pelos meus oito ou nove anos. Já tinha soletrado toda a cartilha “Caminho Suave” e sabendo que o Ivo viu a uva adorava ir ao cinema. Gritava o Aiô, Silver imitando o Zorro. Batia os pés no piso de largas tábuas de madeira para alertar o mocinho preste a cair na emboscada preparada pelo bandido. Ah, quantas vezes salvei o Gene Autry e o Roy Rogers de cairem nas garras daqueles malvados – na época não havia no meu dicionário a palavra marginal. No momento crucial do perigo a interrupção salvadora. Com o fim do episódio. Ficava no ar a ansiedade até o próximo capítulo.

A grande lição viria na sequência da programação cinematográfica. Nas trapalhadas de Oscarito e Grande Otelo ou Ankito. Um ou outro sempre procurando jeito de escapar do mal-intencionado José Lewgoy ou ajudando Cyl Farney a conquistar Eliana ou Adelaide Chiozzo, encantadora com seu acordeon.

E assim ia meu deslumbramento fosse no bang-bang ou nas chanchadas lançadoras de sucessos carnavalescos. Um ponto era certo: após os atropelos e fortes emoções a tela era tomada por grandes letras no famoso The End.

Foi assim, portanto, com o fim que teve início meu contato com o inglês e aprendizagem sobre a finitude, seja na alegria ou na tristeza. Na vida, em tudo, uma coisa é certa: punto e basta.