Por quê resenhas?

Quando decidi começar a escrever como forma de exercício pessoal, tinha algumas dúvidas sobre o que e como começar. Tive a aspiração por contos, romances e crônicas, porém como não me colocava a obrigação e nem quero que seja dessa forma, nunca encontrava um formato preciso para tentar então naquele tempo chamar de meu (além também de não ter talento para ficções). Nisso, tinha diversos textos soltos: Ideias generalizadas, não feitas para que alguém viesse a ler que não fosse além de um ou outro amigo próximo, parente ou casualmente eu próprio. Nunca quis ter uma relação identificada com algo que fosse maior do que é, eu então tratava e ainda trato como um exercício para não perder a familiaridade com as palavras e raciocínio pois assim como o corpo, a memória pleiteia por infindável treino e nada melhor do que colocar as ideias em letras ao menos para mim, claro que cada pessoa encontra uma forma de se exercitar, a minha é escrever. Tudo porém que não possui uma forma ao menos regular em formato, acaba não tendo incorporação suficiente para nos ajudar, eu escrevia e não estava absorvendo em grande parte um resultado satisfatório, escrevia por escrever, mesmo sem ter uma obrigação ou propósito maior eu precisava de coesão para não perder minha vontade. Eu não tinha forma e não estava preocupado com temática e isso estava me fazendo perder o hábito e frequência.

No entanto, fiz uma mudança nessa fórmula por um motivo “banal” para mudar meu trato que acabava resultando em mais textos e mais cadernos, pen drives e papéis perdidos e que não se encontrariam mais e aquele texto se perdia para sempre e em algumas ocasiões quando me vinha a lembrança daquele fragmento, já não podia repetir o que senti quando surgiu o ímpeto de gravar aquela memória. Retornando a tal mudança, ocorreu em natureza sendo inusitada a partida para a ideia e foi começando enquanto via um filme em especial: Mulholland drive (cidade dos sonhos), de David Linch que me deixou com muitas dúvidas sobre ele e então decidi o assistir e depois escrever a minha reação e interpretação, guardei tal impressão em uma folha, nada de frente e verso, algo curto.

Isso foi em 2016, eu não tomei nenhuma medida especial para naquela época transformar aquilo em uma regra pois não tinha essa intenção, por isso esta folha ficou esquecida dentro de um livro encostado que para não criar descontentamentos, não direi qual é más pode acreditar, que se ficou no seu canto, guardando entre suas folhas de trivialidades uma pequena opinião despretensiosa é porque era seu lugar.

Acontece que nada permanecerá em um único lugar, nem mesmo a opinião frívola e aquele exemplar dentro daquele armário, sem fugir a esta regra, com aquelas folhas servindo de arquivo para pontas soltas esquecidas, agora, naquele momento de 2021 em uma “limpeza” e “bota – fora” deixaria de ser um depósito das palavras de uma antiga impressão. Algumas notas fiscais e papeletas de débitos passados também se alojaram entre uma e outra daquelas páginas, com alguma história jamais interessante, porém ele emergiu para ressuscitar a curiosidade sobre a obra onírica de Linch ao manter aquele texto e propor uma brincadeira ou exercício que viria a se tornar modal.

Ocorreu que li a parte inicial do texto de suas trinta linhas, e me deu a vontade de ver novamente o filme, não seria a segunda vez, talvez a quarta porém confrontei a antiga impressão e o que entendi lá e também naquele novo momento, agora com uma diferença: minhas visões seriam postas em escrita e depois comparadas. Foi o que fiz.

Depois, com as duas notas, percebi que minha relação com o tempo mudou a perspectiva, agora eu via aquela chave azul de outro modo, na primeira vez que anotei sequer lembrei dela e agora com toda a redundância ela era fundamental para o propósito entre o travesseiro e a saída da caixa.

Assim passei a resenhar filmes, na verdade uma resenha para entendimento próprio, para entender o que uma mensagem significa, não pensando em algo analítico porque não tenho essa capacidade, encontrei o meu tema em um acaso e assim passei a resenhar os filmes.

Isso foi transportado para livros, porém no caso dos livros eu acostumei desde que tornei – me um leitor consciente lembro, querer perguntar ao texto, já tinha a mania de ler e passar as folhas a anotar as páginas: Rabisco eles até hoje. Naqueles contatos com as leituras porém eu fazia os entendimentos durante as leituras, sem entrar na minha impressão ou entendimento pós, ficava na minha consciência e hoje, faço também um texto curto onde tento condensar minha experiência.

Antes de tudo, não há verdades nas interpretações, não há formas corretas ou equivocadas, assim como o ângulo de duas pessoas ao ver algo não será 100% igual, a leitura de um texto e sua interpretação ou versão de uma obra não terá que ter “A visão”, o propósito inicial é se ter um outro entendimento daquilo, no meu caso escrever esses textos foi uma maneira de conversar com as minhas questões, por hobby e agora decidi publicar nesse espaço para compartilhar o que enxergo que poderá ser crítica, de interpretação ou apenas de divisão de impressões.

Espero que ao ler os textos de resenhas se chegou até aqui possa ajudar para que tenha uma parte complementar, ou que se sinta inspirado a procurar alguma das obras do qual falarei e que se quiser, me indique algo, comente com suas críticas, interpretações e visões para que ao fim de cada texto possamos exercitar nossas ideias e assim adquirir mais contexto para entender ou não.

Afonso Ribeiro jr
Enviado por Afonso Ribeiro jr em 04/10/2023
Código do texto: T7900842
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