BRINCADEIRA DE CASAL

O celular toca mas Andre Luiz não atende, pois está dirigindo e chegando em casa. Como vê tratar-se de uma ligação importante, assuntos de trabalho, tao logo entra na casa dá um beijo rápido na esposa, pega o celular e retorna a ligação. Maria, com o jantar já pronto, aproveita a afastamento do marido e resolve ligar para saber notícias da irmã adoentada . Dona Rita, mãe de Maria, que mora com a filha e com o genro, assiste a tudo.

A octagenaria presenciando o quadro acima, reconhece ser esse o cotidiano de muitos casais da atualidade. Com tristeza, constata ser a tecnologia a grande responsável pela nova priorização dentro da vida familiar.

Dona Rita recorda então, com saudades, de uma outra cena familiar, ocorrida a muitas décadas passadas. Ela então com seus dezesseis anos, morava na casa da tia Sofia, época em que preparava-se para cursar o magistério. A tia Sofia tinha duas filhas, meninas obedientes, que cedo recolhiam-se para seus aposentos, para colocarem em dia os deveres escolares.

O marido, Rodolfo, era operário no curtume próximo, o que facilitava o seu deslocamento de bicicleta para o trabalho.

Mas a maior lembrança que dona Rita tinha dessa época era a forma singela que tia Sofia tinha para receber o marido. Tão logo ela percebia estar Rodolfo estacionando a bicicleta a porta de entrada, ela escondia-se em algum cômodo da casa, dentro de armários ou atrás de móveis. Essa atitude, com intenção de brincadeira, levava Rodolfo a fazer uma peregrinação pela casa . Quanto a dona Rita essa apenas via a movimentação toda e o chamado carinhoso do marido: onde está você querida?

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 08/10/2023
Reeditado em 08/10/2023
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