Amizade, eternas amizades*

A arte de fazer novas amizades é simplesmente fantástica, pois é capaz de nos impressionar a cada instante, deixando-nos sempre a sensação de que o mundo não foi feito para que vivamos isolados, sozinhos, longe do convívio das pessoas. Aonde quer que estejamos, necessitamos de um diálogo amigo, e quando isto não acontece – talvez por estarmos diante de alguém estranho e alheio à nossa presença – dificilmente nos sentimos bem em tal ambiente.

É claro que se fôssemos fazer uma minuciosa pesquisa, nem todos teriam o privilégio de dizer: “Puxa vida, eu tenho amigos de verdade!!!”, até porque nós sabemos que cada ser humano possui suas qualidades, mas também defeitos... Talvez o nosso maior erro seja ver nas pessoas só as suas qualidades, a gente acha que todo mundo é “santinho” ou “santinha”, esquecendo, entretanto, que em determinados momentos de fraqueza podemos magoar alguém ou até mesmo, sem querer querendo, trair uma amizade de longos anos.

Mas nem por isto devemos baixar a cabeça e dizer que tudo está perdido; que não devemos mais confiar em ninguém. Eu acredito que ainda existem pessoas em quem se pode confiar de verdade. Afinal, não é se espelhando nesse mundo tão caótico em que vivemos: cheio de conflitos, problemas sociais e depravações, que vamos desanimar. Com certeza, ainda existem pessoas justas, sinceras e verdadeiras – talvez bem mais perto de nós do que possamos imaginar.

Nesse sentido, a esperança é que deve ser a nossa estrela guia, orientando os nossos passos na direção dessas pessoas, que podem estar de mãos estendidas à nossa espera, com uma palavra nos lábios para nos dar as boas-vindas, com um sorriso para aliviar o nosso cansaço, e com aquele olhar que só os verdadeiros amigos podem nos ofertar quando nos aproximamos, sedentos de uma palavra amiga, de uma palavra de conforto e de esperança. Precisamos ficar atentos a tudo o que está acontecendo em nossa volta. Além do senso de observação, a criatividade deve ser a palavra chave no cultivo de uma duradoura amizade, pois o que é a criatividade senão “um dom especial que só algumas pessoas possuem”? É verdade. Portanto, reflita comigo nestas sábias palavras de um livro: “Observe e absorva. Observe tudo cuidadosamente. Aproveite o que você observa. E principalmente, observe tudo como se fosse a última vez que você fosse ver”.

Ser amigo, portanto, é ser também um mero observador, antes de falar qualquer bobagem, de opinar sobre qualquer atitude, de criticar qualquer gesto e de julgar uma cena qualquer da pessoa amiga... Até porque, quem somos nós para julgarmos os outros? É como diz um ditado popular: “As amizades são como porcelana, para que durem muito pouco nos devemos servir dela” – que os exageros sejam postos de lado, para que a simplicidade possa brotar e iluminar no dia a dia a sublimidade de toda e qualquer amizade!!! Pensamento positivo e fé na caminhada é o que mais vale nesse sentido.

O amigo verdadeiro suporta os maiores vexames para não trair suas amizades. Isto é por demais importante, porque ser amigo de verdade é encarar a realidade da pessoa amiga, é sentir-se semelhante a ela, é reencontrar-se consigo mesmo, para poder ser um bom agente transmissor da harmonia, da solidariedade e da verdade.

A arte de fazer amizades é, acima de tudo, uma “missão”, que deve ser vivida em todos os instantes da nossa existência, e deve tão indispensável quanto o próprio ar que respiramos.

André Filho Guarabira

* Esta crônica foi escrita por mim, na década de 1990. Foi divulgada no programa "Canal Livre", da Rádio Constelação FM de Guarabira-PB, pelo radialista Cláudio Cunha.

André Filho Guarabira
Enviado por André Filho Guarabira em 13/10/2023
Reeditado em 13/10/2023
Código do texto: T7907968
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