"PLAYLIST ÍNTIMA" (BVIW)

Quem não guarda uma música que já o tenha marcado num momento ou numa fase da vida? Eu tenho as minhas. E você que está lendo, com certeza, também tem. Lembro-me bem de uma fossa terrível da juventude: um amor que eu queria tanto, mas que deixou de me querer. Ah, vai sofrer assim lá não sei onde! Foi quando ouvi Maysa cantar: “Ne me quitte pas”. Claro, eu não sabia o que essa expressão em francês queria dizer. Mas nem precisava. Aquilo era de uma tristeza tão atroz, de um sentimento tão profundo, que só podia ter a ver com o que eu estava vivendo. E tinha mesmo. Descobri que “Ne me quitte pas” era “Não me deixe”. Instintivamente, meu coração tão dilacerado logo reinou que ali tinha coisa. E que coisa!

Peço desculpas a mim mesma, mas não vou rir de mim. Eu estava sofrendo de verdade — e Maysa só me ajudou a sofrer mais um tiquinho. Fato é que, apesar de superar rapidamente aqueles dias funéreos — graças a Deus! —, eu trouxe “Ne me quitte pas” pra morar comigo. E até hoje essa canção, das mais lindas, mas também das mais doloridas, faz parte da minha “playlist” íntima.

Tema da semana: uma expressão estrangeira (crônica)