NAS HORAS VAGAS

Nas horas vagas

Esses dias estive pensando…

Em como a gente vai deixando. Deixando de sentir um frio na barriga, deixando de sentir a brisa, deixando de sentir a vida.

E a vida vai passando e com essa ideia de deixar a vida nos levar a vida acaba mesmo nos levando.

E esses dias, um dia desses aí, estive também pensando, em quem eu sou? E nessa fiquei me perguntando, tentando olhar para dentro de mim. Quem eu sou? Quando eu sou eu mesmo? Parece que estou o tempo todo interpretando, sendo um personagem que eu mesmo criei para mim. Quando a gente é quem realmente somos?

De tanto nos forçar a ser algo, sinto que acabamos por sermos nada.

Uma foto, um sorriso, uma conversa no trabalho, um vídeo que assisti e me fez rir, um livro que não acabei de ler, uma frase que tive que dizer acreditando ser verdade, dizendo mentiras repetidamente, até ao ponto de que sejam verdades, como por exemplo: “eu a amo”, “eu sou feliz”, “era exatamente isso que eu queria”, “não me arrependo”, “vai passar” e tantas outras…

Então eu me pergunto: Quando eu sou eu de fato? A gente se afasta tanto da gente mesmo, fazendo as coisas que no fundo não queremos fazer. O Coach motivacional diria, “não é sobre o que quer fazer, mas sim sobre o que precisa ser feito”. Ah, vai a merda!

Pelo menos uma vez, de vez em quando, deixa eu ser eu, sem o peso da responsabilidade de viver uma vida boa para outros. Deixa eu viver, pelo menos uma vez uma vida que seja boa pra mim, do meu jeito. Daqui apouco eu não vou estar mais aqui, daqui apouco, minha existência será apenas lembrança na mente de algumas poucas pessoas. Por isso, eu realmente, de forma muito egoísta e mesquinha, quero viver, pelo menos alguns dias de um jeito que seja bom apenas pra mim. Só um pouco, o suficiente, pelo menos pra dizer pra mim mesmo, eu fui eu mesmo, nas horas vagas.

Brenner Vasconcelos Alves
Enviado por Brenner Vasconcelos Alves em 23/10/2023
Reeditado em 23/10/2023
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