Sem despedida ou chegança

Ouve bem! Faz um esforço! Procura na paisagem sonora do silêncio próximo os sons ao longe... é choro, é riso ou suspiro!?

Fecha os olhos, quem sabe você ouve melhor. Não? É só silêncio mesmo? Mas silêncio também é de ouvir, sabe não?

Então abra os olhos bem abertos. Tenta enxergar o que está bem ali em frente! Tenta focar. Aperta os olhos ou fecha um só. É um aceno? É uma mão ao ar? Comemoração? Ou é um sinal pro carro que veio buscar? Não vê? Mas se não vê é porque não tem o que enxergar, é só a ausência mesmo! E já não é muito pra se ver?

E os sinais? O zodíaco, a maré ou até mesmo as pegadas digitais. Quais os caminhos traçados, os elos desenhados, os conselhos divinos? Indefinidos, você diz?

E você é de definições, de tratos, de diálogos, de concretudes! Não está para coisas mal feitas, mal definidas, mal resolvidas! Quer sinais, quer ver, saber, tim tim por tim tim, tudo explicado, dito e redito!

Mas, se atente! Já olhou pro outro lado? Já escutou os sons que se avizinham? Já sentiu na pele a marca dos sinais que a vida docemente lhe ofereceu? Minha avó já dizia: só não vê quem não quer ver!

Lilly Pingo

24/10/2023